Regulamentada há 55 anos, a profissão vem conquistando, a cada dia, maior espaço no mercado de trabalho e nas discussões de políticas públicas
No ensino, no esporte, na indústria, na pesquisa, na extensão, na alimentação coletiva ou no atendimento clínico: é vasto o campo de atuação para os nutricionistas. A boa notícia é que, com as mudanças recentes na legislação de alimentos, o campo ficou ainda maior. Esse é o entendimento da Nutricionista Ana Lúcia Serafim, Professora do Departamento de Nutrição da UFRGS e Conselheira do Conselho Regional de Nutricionistas da 2ª Região.
Uma das mudanças que mais impactam nesse sentido é a que trata da rotulagem nutricional dos alimentos embalados. Editada em 2020, a Resolução de Diretoria Colegiada (RDC Nº 429), da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), passou a vigorar em outubro de 2022. Segundo Ana Lúcia, o impacto na indústria de alimentos tem sido grande. “A indústria dos alimentos precisa, invariavelmente, do conhecimento e da atuação do profissional de nutrição. É, sem dúvida, uma tendência de crescimento no mercado de trabalho”, enfatizou.
Conforme dados do Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) divulgados em 2021, existem no Brasil quase 159 mil nutricionistas. Mais de 94% deles são mulheres, 72% concluíram a formação superior há cinco anos, mais de 73% possuem pós-graduação e 81% têm entre 25 e 44 anos.
Quase 31% dos profissionais atuam na área de Alimentação Coletiva; pouco mais de 30%, na área de Nutrição Clínica e quase 18%, na área de Saúde Coletiva. Apenas 2,6% dos profissionais atuam na indústria.
Oportunidades e inovação
O atual contexto demográfico, epidemiológico e nutricional do país (e do mundo), aliado aos permanentes avanços das ciências médicas, contribuiu para o surgimento de novos nichos mercadológicos e abordagens terapêuticas, que ampliaram as perspectivas de exercício profissional, empregabilidade e de rendimento para os nutricionistas.
“Estamos vendo muitos nutricionistas trabalhando com assessoria e consultoria. Há poucos anos, a perspectiva era de atuação apenas nas indústrias, restaurantes e comércio”, relembra Ana Lúcia Serafim. “Hoje, novas áreas e oportunidades surgem em períodos curtos de tempo porque a dinâmica do mundo permite isso. Por exemplo, há profissionais atuando na consultoria de aleitamento materno, em workshops para gestantes, em treinamento para cuidadores. Acredito muito que oportunidades novas seguirão surgindo e virão não apenas da demanda externa, mas também da perspicácia e capacidade de visão dos profissionais da nutrição”, reflete.
Uma pergunta que alguns profissionais podem se fazer é se essas inovações também acontecem nas áreas de atuação considerada tradicionais? Sim! “Falando especificamente da Nutrição Clínica, é uma área que tem evoluído muito com a chamada nutrigenética. Trata-se de uma abordagem extremamente personalizada, com uma especificidade maior ainda, que leva em conta dados bioquímicos, médicos e DNA, auxiliando na conduta do profissional, prevenindo possíveis males que o paciente possa vir a ter. Portanto, nesses casos, o nutricionista passa a atuar na prevenção e não na solução de problemas, com ainda mais foco na promoção da saúde”, explica.
Para conquistar seu espaço no mercado, Ana Lúcia Serafim faz um alerta: o nutricionista precisa manter-se atualizado constantemente. “Os nutricionistas brasileiros têm o perfil de busca de especialização. E, com essa efervescência permanente no mercado de trabalho e das relações humanas, isso torna-se ainda mais importante, porque certamente fará a diferença no conhecimento ofertado e aplicado no trabalho realizado, além de trazer a ética profissional sempre como retaguarda de atuação”, finaliza Ana Lúcia Serafim.