Professora da UFRGS mostra como boas práticas ambientais podem ser adotadas em cada etapa da cadeia produtiva
Um pequeno número de iniciativas pode fazer toda a diferença para que o processo de produção de refeições para alimentação coletiva seja mais sustentável e contribua, assim, para o combate à emergência climática que vivemos. A afirmação é de Janaína Guimarães Venzke (foto abaixo), CRN-2 3060 D, nutricionista e professora associada do Departamento de Nutrição da Faculdade de Medicina da UFRGS e que recentemente defendeu tese de pós-doutorado sobre o tema na Universidade do Porto, em Portugal.
Ela defende a adoção de cinco medidas: implementação de ficha técnica; manutenção de equipamentos e estruturas; priorização de produtos da agricultura familiar; uso de produtos biodegradáveis; e utilização de indicadores, como sobras e resto/ingesta para o planejamento.
Na etapa de produção, o foco deve ser nas quantidades, a fim de que se evite o desperdício. Já na distribuição, a preocupação é com a forma como o alimento será ofertado, o que novamente envolve o problema das embalagens, e o resto/ingesta, que, se em níveis elevados, denota a falta de qualidade.
“O desperdício nos serviços de alimentação coletiva é muito complexo, porque não estamos desperdiçando apenas o alimento, mas todos os recursos utilizados na cadeia de produção dele. Então precisamos estar concentrados em manter as boas práticas ambientais em todas as etapas do processo”.
Outra preocupação diz respeito à higienização, que deve ser feita com produtos biodegradáveis e com quantidade reduzida de plástico para recolhimento do lixo.
Brasil x Portugal
Em seu estudo para o pós-doutorado, Janaína fez um comparativo entre Brasil e Portugal. Segundo ela, o país europeu tem alguns entraves que não existem aqui no Brasil no que diz respeito à opção dos produtos locais. “A questão da agricultura familiar para eles é uma barreira pelo fato de não haver grandes extensões de terra para o cultivo. A produção agrícola é pequena, então precisam importar muito”, esclarece Janaína Venzke.
Para Janaína, a grande disparidade entre as duas realidades pode estar relacionada, entre outros fatores, a uma ideia, no Brasil, de que a adoção de boas práticas ambientais no ramo da alimentação coletiva ainda é vista como um custo, não como investimento. “Talvez caiba a nós, nutricionistas, demonstrarmos a importância e as vantagens da adoção dessas boas práticas”, completa.
Diante de tudo o que Janaína nos traz, o nutricionista passa a ter um papel relevante em um tema que o mundo está debatendo há anos e que chegou em um ponto crucial: a emergência climática. Você já parou para pensar em como a sua atuação pode também impactar esse problema mundial?
|