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Dia Mundial da Saúde Digestiva - 29 de maio


Data de Publicação: 28 de maio de 2018
Crédito da Matéria: Assessoria imprensa - CRN-2


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   A mortalidade das infecções pelo vírus da hepatite B e C vem crescendo a cada ano. A nutricionista Thais Ortiz Hammes aborda o assunto e destaca que o nutricionista é fundamental junto à equipe multidisciplinar "a fim de auxiliar no controle glicêmico e de peso, reduzindo a ocorrência de esteatose hepática”. Sua atuação, segundo a nutricionista, é muito importante, uma vez que uma parcela expressiva destes pacientes apresenta desnutrição a medida que a doença se agrava.
 
Dia Mundial da Saúde Digestiva foca na prevenção e controle das hepatites
   Nesta terça-feira, dia 29 de maio, é celebrado o Dia Mundial da Saúde Digestiva. Esta data foi instituída pela Organização Mundial de Gastroenterologia em 2005 e todos os anos aborda temas relevantes da gastroenterologia para o cenário mundial. O objetivo dessa iniciativa é alertar a população e os profissionais de saúde sobre as doenças que acometem o trato gastrointestinal, de forma a sensibilizar a sociedade sobre prevenção, diagnóstico e tratamento. A campanha deste ano tem como foco as hepatites virais B e C.
 
   As hepatites virais são inflamações do fígado causadas, na sua maioria, pelo vírus da hepatite A, hepatite B, hepatite C (HCV) e hepatite D (HDV), embora existam pelos menos 7 vírus já caracterizados. O comportamento destes vírus é diferente entre si pois, embora todos possam causar hepatite aguda, apenas alguns deles levam a hepatite crônica. Os vírus da hepatite B e C são os principais responsáveis pelos casos de cronificação das hepatites e podem levar a cirrose e câncer de fígado.
 
   Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) revelam que cerca de 325 milhões de pessoas no mundo vivem com infecção crônica pelo vírus da hepatite B e C. Isso significa dizer que cerca de 4% da população mundial convive com pelo menos um destes vírus. Em 2015, aproximadamente 1,75 milhões de pessoas foram infectadas pelo vírus da doença do tipo C e cerca de 250 milhões eram portadoras do vírus da tipo B. Neste mesmo ano, as hepatites virais foram responsáveis por 1,34 milhões de mortes em todo o mundo. No Brasil, o tipo C é a principal causa de transplante hepático e responde por 60% dos casos de hepatopatias crônicas.
 
   O vírus da hepatite B é encontrado no sangue e fluidos corporais, como esperma e leite materno, e chega a ser 100 vezes mais infectante que o HIV. Embora as medidas para prevenção de doenças sexualmente transmissíveis sejam aplicadas a este vírus, a vacinação é a maneira mais eficaz na prevenção de infecção aguda ou crônica, e também na eliminação da transmissão do vírus em todas as faixas etárias. A vacina para este tipo é disponibilizada gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e deve ser tomada em 3 doses. É importante salientar que o aleitamento materno não está contraindicado mesmo que a mãe seja infectada pelo vírus da hepatite B, embora existam cuidados específicos neste caso.
 
   Já vírus da hepatite C tem uma alta taxa de cronificação que varia entre 50 a 90%, sendo que alguns indivíduos podem progredir para cirrose com 20 a 30 anos de infecção. Cerca de 20% dos pacientes cronicamente infectados pelo HCV irão desenvolver cirrose e aproximadamente 5% terão câncer de fígado. Diferente do vírus da hepatite B, não existe vacina para o HCV e por isso a prevenção da infecção é tão importante. A transmissão desse vírus se dá por contato com sangue infectado, seja através do compartilhamento de objetos infectados, relações sexuais, transmissão vertical ou transfusões sanguíneas (especialmente às realizadas antes de 1993 quando os bancos de sangue não tinham testagem para o vírus da hepatite C). Embora as complicações da hepatite C sejam graves e possam trazer prejuízo a qualidade de vida do paciente, muitos indivíduos cronicamente infectados sequer sabem da sua condição, e muitos deles a descobrem quando a doença já está avançada. O SUS fornece tratamento para a hepatite C e uma parte dos pacientes consegue a cura da infecção por este vírus. 
 
   A hepatite C também está associada a síndrome metabólica, a resistência a insulina e ao diabetes.  Pacientes cronicamente infectados pelo HCV tem prevalência de diabetes de duas a três vezes maior que indivíduos sadios ou infectados pelo HBV. 
 
   Nesse cenário, a atuação do nutricionista parece estratégica a fim de auxiliar no controle glicêmico e de peso, reduzindo a ocorrência de esteatose hepática - um achado frequente em paciente infectados pelo HCV. Da mesma forma, a participação do nutricionista junto a equipe multiprofissional que assiste o paciente com infecção crônica pelo vírus da hepatite C é muito importante, uma vez que uma parcela expressiva destes pacientes apresenta desnutrição a medida que a doença se agrava. Um estudo realizado em Porto Alegre com pacientes portadores de hepatite C crônica mostrou um perfil de sobrepeso acompanhado da redução da força do aperto de mão, uma medida que avalia a força muscular e é considerada uma boa ferramenta para avaliar desnutrição em pacientes hepatopatas. 
Dessa forma, o tema do Dia Mundial da Saúde Digestiva deste ano vem para nos fazer refletir quanto a magnitude do impacto das infecções pelo vírus da hepatite B e C. A mortalidade das hepatites virais vem crescendo todos os anos e já são comparáveis em número àquelas causadas por tuberculose e HIV. Por isso, é fundamental a mobilização da sociedade e dos nutricionistas a fim de garantir a ampliação do atendimento multiprofissional neste segmento, no sentido de proporcionar melhores desfechos em saúde e melhor qualidade de vida aos pacientes cronicamente infectados por estes vírus.
 
*Nutricionista Clínica
Doutora em Ciências em Gastrenterologia e Hepatologia


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