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Notícias

Campanhas de conscientização sobre a Doença Celíaca


Data de Publicação: 17 de maio de 2018
Crédito da Matéria: Assessoria imprensa - CRN-2


  Maio é mês da "Consciência Celíaca”. As Associações de Celíacos Brasileiras (Acelbras) estarão promovendo uma série de atividades, as quais têm como objetivo promover a conscientização sobre a doença. Este ano o lema das iniciativas é: "Reconhecer a Doença Celíaca: você pode ter e não saber". No RS, a AcelbraRS promove, neste sábado, dia 19/05, das 10 às 12h, uma palestra com a nutricionista Juliana Crucinsky, na Câmara de Vereadores de Porto Alegre
   O CRN-2, aderindo à campanha de conscientização, convidou a nutricionista para abordar o tema e destacar a atuação deste profissional indispensável no tratamento da Doença Celíaca. 
 
 
A Doença Celíaca e as desordens relacionadas ao glúten
Nutricionista Juliana Crucinsky, CRN-4 200110190*
   
   A doença celíaca (DC) é uma doença autoimune, crônica e sistêmica, que afeta pessoas geneticamente predispostas, a partir da ingestão de alimentos contendo glúten (trigo, centeio, cevada e aveia contaminada). Afeta mais mulheres que homens, porém ao contrário do que se acreditava antigamente, pode se manifestar em qualquer idade e em pessoas de qualquer origem étnica (e não apenas descendentes de europeus). A principal diferença é que em crianças, os sintomas clássicos (diarreia, desnutrição e déficit de crescimento) são mais frequentes, enquanto que em adultos e idosos, a forma oligossintomática (constipação, anemia, deficiência de vitamina B12, neuropatias, alterações tireoidianas, depressão, infertilidade) parece ser predominante.
 
   Apesar de ter sido descrita pela primeira vez há 2 mil anos, a DC continua sendo pouco conhecida pelos profissionais de saúde, assim como as demais desordens relacionadas ao glúten (DRG), como a alergia ao trigo, a sensibilidade ao glúten não celíaca (SGNC), a ataxia do glúten e a dermatite herpetiforme (que é uma das manifestações da DC). O Brasil conta, desde 2009, com um Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas para o manejo da DC, porém este documento, publicado pelo Ministério da Saúde, continua desconhecido da maior parte dos profissionais. Assim, é fundamental e urgente que se promovam campanhas para divulgação das DRG e do Protocolo.
 
   É fundamental que todos os nutricionistas tenham conhecimento do Protocolo e recebam treinamento adequado, pois o tratamento das DRG é essencialmente dietético e por toda vida, o que requer uma série de mudanças e adaptações na alimentação de toda a família. Em especial, adequações e orientações para a vida social, para a alimentação na escola, no trabalho e em situações sociais, pois é necessário excluir o glúten, cuidar da contaminação cruzada e orientar corretamente toda a família. Muitas vezes, também há a necessidade de tratar concomitantemente, outras condições decorrentes da DC, como intolerância a lactose e a sacarose, anemia ferropriva e diversas deficiências nutricionais, além da necessidade de restauração da mucosa intestinal.
 
  Quando é o nutricionista que suspeita da DC, durante a consulta, é importante encaminhar o paciente para um gastroenterologista que entenda do assunto e que esteja atualizado, para que os exames corretos sejam feitos antes da exclusão do glúten. É importante também que o nutricionista oriente o paciente a só iniciar a exclusão do glúten APÓS a realização dos exames, para evitar que os mesmos sejam invalidados, pois a exclusão precoce zera a contagem de anticorpos e normaliza as alterações inflamatórias do duodeno. Após a realização dos exames, se estes forem negativos e se ainda houver a suspeita de que o glúten é o responsável pelos sintomas, aí sim, podemos partir para o teste clínico, com a dieta de exclusão e observação dos sintomas e sua melhora, o que vai caracterizar que o paciente tem SGNC.
 
   No Brasil, o Ministério da Saúde já publicou duas edições do PCDTDC, uma em 2009 e outra em 2015, porém, neste Protocolo, as outras DRG não são mencionadas. Assim, é importante que os nutricionistas (e os profissionais de saúde em geral) tenham conhecimento das publicações internacionais, como as "Definições de Oslo” (The Oslo Definitions of Coelic Disease em Gluten-Related Terms, publicada em 2012) e como os "Critérios de Salerno” (2015), e que busquem constantemente atualizações na área. Em relação à orientação nutricional, no Brasil há os materiais "Dez Passos para a Alimentação do Celíaco” e o Guia Orientador para Celíacos, disponíveis para download gratuito no site da Fenacelbra.
 
  Os nutricionistas que atuam na indústria de alimentos, nas cozinhas institucionais e em hospitais, escolas e creches, também precisam receber treinamento adequado, pois são muito frequentes os relatos de acidentes envolvendo alimentação imprópria e contaminada, oferecida aos celíacos. Considero fundamental que desde a graduação, todas as nuances envolvendo as DRG e seus cuidados sejam abordadas, para que possamos contribuir efetivamente com a Segurança Alimentar e Nutricional destas pessoas.
 
*Mestre em Alimentação, Nutrição e Saúde (UERJ)
Consultora Técnica da Fenacelbra e Acelbra (RJ)
Membro da Associação Brasileira de Fitoterapia (ABFIT)
Membro da Associação Brasileira de Nutrição (Asbran)
 

 

Bibliografia sugerida pela autora:

1)BRASIL. ANVISA. Resolução RDC n°26, de 02 de julho de 2015. Dispõe sobre os requisitos para rotulagem obrigatória dos principais alimentos que causam alergias alimentares. Disponível em: < http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2694583/RDC_26_2015_.pdf/b0a1e89b-e23d-452f-b029-a7bea26a698c >.

2) BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria nº 307, de 17 de setembro de 2009. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas da Doença Celíaca. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/sas/2009/prt0307_17_ 09_2009.html>

3) BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção à Saúde. Portaria SAS/MS nº 1449, de 11 de novembro de 2015. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas da Doença Celíaca. Disponível em: http://portalsaude.saude.gov.br/images/pdf/2015/ novembro/13/Doen--a-Cel--aca---PCDT-Formatado---port1449-2015.pdf

4)CATASSI, C. et al. Diagnosis of Non-Celiac Gluten Sensitivity (NCGS): The Salerno Experts’ Criteria. Nutrients 2015,7, 4966-4977

5)CIANFERONI, A. Wheat allergy: diagnosis and management. Journal of Asthma and Allergy, 2016:9 13–25.

6) CRUCINSKY, J. Dez passos para a alimentação do celíaco: cartilha. Acelbra-RJ, Rio Sem Gluten. Rio de Janeiro. 2012. <disponível em http://www.riosemgluten.com/10passosceliacosjulianacrucinsky.pdf>

7)CRUCINSKY, J. Fragilidades no cuidado em saúde às pessoas com Desordens Relacionadas ao Glúten (DRG) / Juliana Crucinsky. – 2017. 108 f. Dissertação (Mestrado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Instituto de Nutrição.

8)FASANO, A. et al. Nonceliac Gluten Sensitivity. Gastroenterology, v. 148, n. 6, p. 1195–1204, 2015.

9) FASANO, A. L. Dieta sem Glúten. São Paulo: Madras, ed. 2015.

10) FASANO, A.; SAPONE, A.; ZEVALLOS, V.; SCHUPPAN, D. Nonceliac Gluten Sensitivity. Gastroenterology, v. 148, n. 6, p. 1195-1204, 2015.

11) FENACELBRA. Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil. Guia orientador para celíacos, 48, 2010.

12)HOLLON, J. R. et al. Trace gluten contamination may play a role in mucosal and clinical recovery in a subgroup of diet-adherent non-responsive celiac disease patients. BMC Gastroenterology, v. 13, n. 40, 1-9, 2013.

13) KOTZE, L. M. da S. Celiac disease in Brazilian patients: associations, complications and causes of death.Forty years of clinical experience. Arq. Gastroenterol.[online]., v. 46, n. 4, p. 261-269, 2009.

14) LUDVIGSSON, Jonas F. The Oslo Definitions for Coelic disease and Related Terms. Gut., v. 62, n. 1, p. 43-52, jan. 2013.

15) PAULA, F. A. de et al. Fragilidades da atenção à saúde de pessoas celíacas no SUS: a perspectiva do usuário. Demetra, 9, Supl.1, p. 311-328, 2014.

16) PAULA, F. A. de. Crianças celíacas indo para a escola: orientação para pais e cuidadores. Disponível em: <http://www.riosemgluten.com/Crianca_Celiaca_indo_para _escola_2011.pdf>


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