8 de abril - um dia para reforçar a luta contra o câncer
Data de Publicação: 6 de abril de 2018
Crédito da Matéria: Assessoria imprensa - CRN-2
O Dia Mundial da Luta contra o Câncer é lembrado em 8 de abril. A data passou a integrar o calendário do Ministério da Saúde e do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Ações realizadas nesta data visam conscientizar a população sobre a prevenção em relação à doença. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), pelo menos um terço de todos os casos de câncer pode ser prevenido. O Ica lançou, inclusive, este ano a publicação "Estimativa 2018 - Incidência de Câncer no Brasil" que representa, segundo a instituição, mais uma ferramenta para o desenvolvimento do sistema de vigilância do câncer no país. Segundo o Inca a incidência de câncer no mundo cresceu 20% da última década.
E para lembrar da importância da prevenção e dos cuidados, o CRN-2 convidou a nutricionista Fernanda Bortolon para escrever sobre o tema. Ela aborda a relação da incidência de câncer com uso de agrotóxicoss. O alimento, que deveria ser fonte de nutrição, contaminados por agrotóxicos, pode ser causador de diversos tipos de câncer. Segundo o INCA, os agrotóxicos utilizados na produção da maioria dos alimentos no Brasil causam danos ao meio ambiente e à saúde do produtor rural e do consumidor. O Instituto alerta que, sempre que possível, deve-se dar preferência aos alimentos orgânicos.
Acompanhe o artigo:
Agrotóxicos x Câncer
Nutricionista Fernanda S. Bortolon – CRN2 6210*
Os agrotóxicos estão em frutas, verduras, carnes, leite, bebidas, produtos industrializados e em quase tudo que compramos nos supermercados, uma triste realidade em nosso país.
Em único alimento consumimos mais de um agrotóxico e somos expostos durante uma vida inteira. Muitos deles, nosso organismo não tem a capacidade de eliminar, o que leva a um acúmulo em nosso corpo e consequentemente a danos que até a ciência desconhece.
Muitos agrotóxicos, que já estão proibidos na União Europeia e Estados Unidos, ainda são amplamente utilizados no Brasil, que lidera o consumo destes defensivos no mundo. Anualmente, consumimos o equivalente a mais de 7 litros de agrotóxicos por pessoa.
Pesquisas desenvolvidas por órgãos, como a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) e Ministério da Saúde – Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) apontam o que que muitos agricultores já perceberam: agrotóxicos podem causar diversas doenças. Entre elas, problemas neurológicos, motores e mentais, distúrbios de comportamento, problemas na produção de hormônios sexuais, infertilidade, puberdade precoce, má formação fetal, aborto, doença de Parkinson, endometriose, atrofia dos testículos e câncer de diversos tipos.
Estudos nacionais e internacionais não deixam dúvidas sobre os danos causados por esses produtos na população, principalmente nos trabalhadores e comunidades rurais, e no meio ambiente. O Instituto Nacional do Câncer (INCA), desenvolve campanhas e parcerias com o Instituto Internacional de Pesquisa em Câncer (IARC) da Organização Mundial da Saúde (OMS), que faz "avaliações e revisões sistemáticas sobre alguns agrotóxicos”. Os estudos feitos pelo IARC mostram que os agrotóxicos que usamos no Brasil apresentam enorme potencial de desenvolvimento de câncer em seres humanos. Dentre eles, o glifosato foi classificado como carcinógeno humano.
O noroeste gaúcho é campeão nacional no uso destes produtos químicos, segundo um mapa do Laboratório de Geografia Agrária da USP, elaborado a partir de dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Um estudo realizado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) comparou o número de mortes por câncer da microrregião de Ijuí com as registradas no Estado e no país entre 1979 e 2003. Constatou que a taxa de mortalidade local supera tanto a gaúcha, que já é alta, como a nacional.
De acordo com o Inca, o Rio Grande do Sul é o Estado com a maior taxa de mortalidade pela doença. Em 2013, foram 186,11 homens e 140,54 mulheres mortos para cada grupo de 100 mil habitantes de cada sexo.
Por que Consumir Orgânicos?
Depois de saber que Brasil é líder na utilização de agrotóxicos, não restam dúvidas que a alimentação orgânica é opção mais segura e saudável. Consumindo alimentos orgânicos, além de proteger a nossa saúde, também estamos estimulando e motivando a agroecologia, o que fixa o produtor no campo, gerando mais distribuição de renda. É bom para a saúde do agricultor, do consumidor e do planeta. Precisamos colaborar para um planeta mais sustentável.
E lembrem-se, nem sempre os orgânicos são mais caros. O preço pode até ser menor quando comprados na feira ecológica ou diretamente do produtor local.
*Especialista em Nutrição Oncológica
Mestre em Ciências Pulmonares
Contato: [email protected]