Lançamento e Seminário do CRN-2 marcam início das atividades da Semana da Alimentação

Data de Publicação: 11 de outubro de 2016
Crédito da Matéria: Assessoria imprensa - CRN-2

O IV Seminário Temático do CRN-2 contou com a participação do sociólogo Sergio Schneider, da nutricionista Daniela Tietzmann e do engenheiro agrônomo Alencar Paulo Rugeri.

 A Semana da Alimentação RS 2016 foi oficialmente aberta nesta segunda-feira, dia 10 de outubro, em evento realizado conjuntamente com o IV Seminário temático do CRN-2.
   As atividades aconteceram no auditório do Escritório Central da Emater/RS-Ascar, em Porto Alegre. A mesa de abertura contou com a participação dos representantes das entidades promotoras da Semana: CRN-2, Governo do Estado do Rio Grande do Sul, Emater/Ascar, Consea/RS, Fesans e Ação da Cidadania. O oficial de Programas da FAO Unidade de Coordenação Sul, Carlos Biasi, apresentou a palestra "Grãos Nutritivos para Um Futuro Sustentável”. 
   Biasi reconheceu o esforço das entidades do Rio Grande do Sul, que segundo ele tem se notabilizado pela ampla representatividade na discussão das questões alimentares, com mais de 500 eventos acontecendo em todo o Estado durante a Semana da Alimentação. Ele abordou as mudanças no clima, alimentação e agricultura, evidenciando os desafios de atender a demanda de uma população que aumenta, produzindo mais alimentos de qualidade, em espaço menor e de forma sustentável. "Além disso, é fundamental a redução do desperdício de alimentos. Com o que se perde no Brasil seria possível alimentar a todas as pessoas que hoje não têm acesso aos alimentos no País”, ressaltou. O palestrante destacou, ainda, a importância das leguminosas devido ao alto valor de proteínas e fibra. Ele fez referência à sustentabilidade, alertando que estas plantas têm propriedades fixadoras de nitrogênio que melhoram a fertilidade do solo, além de sua produção requerer pouca quantidade de água e gerar baixas emissões de gás de efeito estufa. 

Seminário do CRN-2 alerta sobre desperdício de alimentos
   

A presidente do Conselho Regional de Nutricionistas, Jacira Conceição dos Santos, coordenou o IV Seminário Temático do CRN-2, que contou com a participação do sociólogo Sergio Schneider, da nutricionista Daniela Tietzmann e do engenheiro agrônomo Alencar Paulo Rugeri.
   Realizado com o objetivo de destacar os benefícios nutricionais das leguminosas, principalmente como parte da produção sustentável de alimentos voltados para a segurança alimentar e nutricional, o professor e sociólogo Sérgio Schneider salientou a importância do trabalho dos nutricionistas que, para ele, é fundamental para inclusão de alimentos de qualidade na dieta dos consumidores. "Alimentação não é apenas uma questão de aumentar a produção, esta não é a solução. Temos que ter um modelo baseado em nutrição saudável e sustentável”. 
   Ele realizou uma comparação entre a fome ainda existente e a protuberância excedente. O problema hoje, segundo Schneider, é a má nutrição, com um aumento de doenças relacionadas aos fatores de risco. As taxas de sobrepeso e obesidade estão aumentando em todos os países e a de desnutrição diminuindo muito lentamente, relatou. E isto, segundo o professor, está custando muito caro para o Sistema Público de Saúde.
   O palestrante advertiu sobre os altos índices de desperdício de alimentos e da necessidade de repensar a produção e logística. "O mundo já produz alimentos em quantidade necessária, a fome ainda existe porque há falhas na distribuição e a qualidade do que se consome não é a ideal”, comentou. 
   Schneider caracterizou o contexto de possibilidades para sair desta realidade. Entre estas, destacou a necessidade de "produzir mais com menos”, de uma nova forma de fazer agricultura, com menos agrotóxicos, que seja poupadora de insumos e de baixo custo, mais eficiente, menos poluidora. Também apontou que deve haver uma nova relação ou pacto com os consumidores e que estes devem ter mais capacidade de conhecer, decidir e fazer opções.

Poder nutritivo das leguminosas
   A nutricionista Daniela Cardoso Tietzmann abordou o valor nutricional das leguminosas, em especial o feijão, na palestra "Leguminosas: importância para a Saúde e Nutrição”. Daniela destacou que um dos pratos que faz parte da cultura do brasileiro, o arroz com feijão, tem uma combinação perfeita. A palestrante relatou que segundo Pesquisas de Orçamento Familiares (POF) conduzidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, IBGE (2011a) em 2002-2003 e 2008-2009, indicam uma queda acentuada do consumo domiciliar per capita anual deste importante alimento para os brasileiros. "É necessário reverter esse quadro, incentivando pesquisas de caráter interdisciplinar (tecnologia, cultura e ecologia), recomendando o consumo, fortalecer o Guia Alimentar para a População Brasileira, além de promover a saúde e uma alimentação mais saudável”, finalizou.

   O engenheiro agrônomo e assistente técnico estadual da Emater/RS-Ascar, Alencar Paulo Rugeri, relatou a importante redução de área plantada de leguminosas. O feijão que, em 1980 tinha 200.000 hectares de área plantada, em 2015 era um pouco mais de 50 mil. A redução de área de outras leguminosas como a ervilha, o amendoim e a fava também receberam atenção. Esta última tinha, em 2011, 55 mil hectares de área plantada para 13 mil em 2016, ou seja, uma redução 76,4%. Ao mesmo tempo que a soja teve um aumento de 34,2%. Alencar aponta que precisa haver um maior equilíbrio e que todos devem buscar alternativas para minimizar os problemas da redução de área plantada de leguminosas em relação à soja.