Dia Mundial da Água 2022 – Águas Subterrâneas: Tornando o Invisível Visível
Data de Publicação: 22 de março de 2022
Crédito da Matéria: Assessoria de Comunicação do CRN-2 - Jornalista Janice Benck
Fotos: Assessoria imprensa - CRN-2 / Unesco / Freepik
O que há de mais importante para a existência do planeta Terra e para a sobrevivência daqueles que aqui habitam? Água!
A água é um dos recursos naturais que mais tem dado sinais de que não subsistirá por muito tempo às intervenções humanas no meio ambiente e às mudanças do clima.
No mundo três em cada dez pessoas não têm acesso a água potável, mais de 2 mil milhões vivem em países com um elevado nível de “stress” hídrico, e cerca de 4 mil milhões de passam por uma grave escassez de água potável durante, pelo menos, um mês do ano.
Com o objetivo de discutir e refletir sobre o significado deste importante recurso hídrico para a vida na Terra, a Organização das Nações Unidas – ONU instituiu, em 1993, que o dia 22 de março seria o Dia Mundial da Água.
Em 22 de março de 2018, a ONU lançou, também, a Década Internacional para a Ação, “Água para o Desenvolvimento Sustentável“, a qual terminará no Dia Mundial da Água, em 2028.
A água está no centro do desenvolvimento sustentável e diz respeito à promessa central do Objetivo 6 da Agenda 2030 para o Desenvolvimento, que defende o acesso universal e equitativo à água potável e ao saneamento até 2030.
Brasil: escassez do recurso hídrico
Em várias regiões do Brasil, já são sentidos diferentes impactos, como escassez, desaparecimento de nascentes e rios, aumento da poluição da água. Os especialistas alertam que os problemas podem se agravar se não forem tomadas medidas urgentes e se a sociedade não mudar sua percepção e comportamento em relação aos recursos naturais.
Apesar ser considerado um dos países com mais recursos hídricos do mundo, com cerca de 12% do montante total, nos últimos anos a população brasileira tem sofrido com grandes secas e enfrentando a falta desse importante recurso natural.
No Rio Grande do Sul, ainda estamos vivenciando uma das maiores estiagens da história do Estado, com falta de água até para o consumo humano, resultando em grandes impactos econômicos.
Águas Subterrâneas
O Brasil também é rico em aquíferos, formações geológicas de rocha, areia e cascalho que atuam como gigantescos reservatórios de águas subterrâneas. São abastecidos quando as águas da chuva e da neve se infiltram no solo.
Os maiores do mundo estão, em grande parte, no Brasil. Entre estes o Sistema Aquífero Grande Amazônia (SAGA), com 162 mil quilômetros cúbicos de água, e o Sistema Aquífero Guarani (SAG), com uma reserva hídrica de 39 mil quilômetros cúbicos de água, o qual possui quase um terço de seu reservatório no RS.
O monitoramento de águas subterrâneas não é tão desenvolvido quando comparado ao das águas superficiais. A nível nacional, a partir de 2009, foi implantada pela CPRM a Rede Integrada de Monitoramento das Águas Subterrâneas (RIMAS), com o objetivo de acompanhar as variações espaciais e temporais quali-quantitativas das águas nos principais aquíferos brasileiros.
Em 2020, a RIMAS contava com 409 pontos de monitoramento, distribuídos em 24 aquíferos em 20 UFs. O número de pontos de monitoramento teve um crescimento bastante expressivo de 2008 a 2015, e os sistemas aquíferos com maior quantidade de pontos são o Urucuia (79), Bauru-Caiuá (61), Amazonas (58) e Guarani (44).
Estes aquíferos são importantes reservas estratégicas para o abastecimento da população e para o desenvolvimento das atividades econômicas.
Tornando o invisível visível
As águas subterrâneas fornecem quase metade de toda a água potável em todo o mundo, aproximadamente de 40% da água utilizada na irrigação e um terço no abastecimento necessário para a indústria. A água subterrânea não apenas sustenta os ecossistemas, mas também é um fator importante na adaptação às mudanças climáticas. Com o aumento da escassez de água e a diminuição da disponibilidade na superfície (devido à atividade humana e às mudanças climáticas), aumenta a dependência e a pressão sobre as águas subterrâneas.
Entretanto, estes sistemas, assim como as águas superficiais, também estão sofrendo as consequências da poluição, falta de tratamento do esgoto, desmatamento, menor frequência de chuva. Especialistas alertam para a necessidade de criar modelo de gestão visando de garantir a qualidade do recurso, já que a descontaminação de lençóis subterrâneos é um processo complicado, lento e oneroso.
Tema destacado em 2022
A campanha “Águas Subterrâneas: Tornando o invisível visível” foi lançada pela UNESCO, juntamente com seu Centro Internacional de Avaliação de Recursos Hídricos Subterrâneos (IGRAC) com o intuito de divulgar e debater a importância da preservação destes mananciais, assim como transmitir a dimensão do tema para a Conferência Intergovernamental da Água da ONU, que ocorrerá em março de 2023.
Esta ação, que marca do Dia Mundial da Água 2022, permanecerá ativa durante todo o ano.
Fatos sobre a água:
- 2,1 mil milhões de pessoas não têm acesso a serviços de água potável com segurança (WHO/UNICEF 2017)
- 4,5 mil milhões de pessoas carecem de serviços de saneamento com segurança (WHO/ UNICEF 2017)
- 1,5 milhões de crianças com menos de cinco anos morrem todos os anos de doenças relacionadas com a diarreia (WHO/UNICEF 2015)
- A escassez de água já afeta quatro em cada dez pessoas (QUEM)
- 90% de todos os desastres naturais estão relacionados com a água (UNISDR)
- 80% das águas residuais retornam ao ecossistema sem serem tratadas ou reutilizadas (UNESCO, 2017)
- Cerca de dois terços dos rios transfronteiriços do mundo não possuem uma estrutura de gestão cooperativa(SIWI)
__________________________________________________________________________________________________________________________________
Fontes:
https://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2018-10/agua-no-brasil-da-abundancia-escassez
https://relatorio-conjuntura-ana-2021.webflow.io/capitulos/quanti-quali
https://www.unesco.org/en/articles/groundwater-making-invisible-visible-2022-and-beyond