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O papel do nutricionista no tratamento do paciente com Diabetes: desafios e melhora da qualidade de vida


Data de Publicação: 24 de junho de 2024
Crédito da Matéria: Assessoria de Comunicação CRN-2
Fotos: Assessoria de Comunicação CRN-2
Fonte: Olívia Koller (CRN-2 15873D)


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No dia 26 de junho é celebrado o Dia Nacional do Diabetes, instituído pelo Ministério da Saúde em parceria com a Organização Mundial da Saúde (OMS) para promover a conscientização sobre os fatores de risco, prevenção e diagnóstico da doença.

O diabetes é uma doença crônica caracterizada pela condição de hiperglicemia sustentada, que ocorre devido à produção insuficiente e/ou resistência à ação da insulina, hormônio responsável por regular os níveis de glicose no sangue. Fatores como obesidade, inatividade física, comportamento sedentário e hábitos alimentares desequilibrados contribuem significativamente para o desenvolvimento do diabetes, especialmente o tipo 2 (DM tipo 2), a forma mais comum da doença.

Qual o papel do nutricionista na prevenção e tratamento do diabetes?

Segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), a terapia nutricional é essencial, embora desafiadora, na prevenção e tratamento do DM tipo 2, impactando significativamente a obtenção e manutenção de níveis glicêmicos adequados. Em essência, a orientação nutricional deve basear-se em uma alimentação variada e equilibrada, respeitando as preferências individuais dos pacientes.

Objetivos da terapia nutricional (ADA, 2024):

  1. Promover e apoiar padrões alimentares saudáveis, com ênfase na variedade alimentar, visando melhorar a saúde geral (atingir ou manter um peso saudável, controlar os níveis glicêmicos, pressóricos e de perfil lipídico, além de prevenir ou retardar as complicações do diabetes);
  2. Atingir às necessidades nutricionais de cada paciente, respeitando suas preferências pessoais, culturais e religiosas, identificando motivações e potenciais barreiras para a mudança;
  3. Manter a satisfação alimentar e limitar escolhas alimentares apenas quando embasadas por evidências científicas;
  4. Fornecer ferramentas práticas para o desenvolvimento de um padrão alimentar saudável, ao invés de focar em macronutrientes, micronutrientes ou alimentos específicos.

Desafios do tratamento

Não é incomum que os pacientes cheguem aos consultórios com conhecimento sobre o que devem fazer para prevenir ou tratar o diabetes. No entanto, a adesão às mudanças no estilo de vida propostas frequentemente é baixa. Muitos pacientes sabem o que precisa ser feito, mas enfrentam dificuldades na implementação dessas mudanças e manutenção de um comportamento alimentar saudável.

Por que isso ocorre?

Geralmente, o baixo engajamento está associado ao fato de que o tratamento proposto exige mudanças significativas e sustentáveis na rotina, para as quais os pacientes podem não estar preparados. Isso pode incluir modificações dos hábitos alimentares, aumento da atividade física,   adoção de um comportamento menos sedentário e aumento da frequência de consultas.

Estratégias para melhorar a adesão

Para melhorar a adesão ao tratamento nutricional, é fundamental que o nutricionista compreenda as motivações dos pacientes e identifique sua capacidade e disponibilidade para fazer mudanças. Isso pode ser alcançado ao:

  1. Realizar uma anamnese detalhada: Antes de adotar qualquer prescrição dietoterápica, é crucial explorar os motivos que levaram o paciente a buscar acompanhamento, avaliar seu conhecimento sobre a doença e identificar em qual estágio para mudança de comportamento ele se encontra. Além disso, é importante compreender o contexto social, econômico e psicológico do paciente, bem como avaliar (sem julgamentos) suas tentativas prévias de dietas, padrão alimentar e a ingestão alimentar atual.
  2. Educar e evocar a motivação: Educar sobre a doença, complicações associadas e comportamentos-problema, identificando os prejuízos associados à manutenção dos comportamentos atuais e benefícios da mudança. Esse entendimento pode abrir espaço para o nutricionista evocar a motivação intrínseca do paciente, auxiliando-o a se sentir mais confiante e preparado para fazer mudanças.
  3. Informar sobre as alternativas de tratamento: Existem diversas estratégias nutricionais para obter o controle glicêmico adequado, como contagem de calorias, dietas com baixo conteúdo calórico, dietas com baixo IG/CG, redistribuição de macronutrientes e padrões alimentares como DASH, Mediterrâneo e plant-based. É importante discutir com o paciente as diferentes alternativas, para que juntos possam traçar metas realistas e alcançáveis, adaptadas à rotina e realidade dele. Pequenas vitórias ao longo do caminho podem aumentar a sensação de autoeficácia, auxiliando na adesão e manutenção de novos comportamentos.
  4. Manter o acompanhamento e considerar o sistema de apoio: O acompanhamento regular é fundamental para monitorar o progresso, fazer ajustes nas combinações alimentares e identificar barreiras na manutenção da mudança. Essa premissa deve ser clara para o paciente desde o primeiro atendimento, enfatizando ser normal encontrar dificuldades ao implementar quaisquer mudanças. Além disso, ajudar o paciente na identificação de relações que criem um ambiente de apoio pode fazer uma grande diferença na adesão ao tratamento e na implementação das mudanças necessárias no estilo de vida.

O papel do nutricionista na prevenção e tratamento do diabetes vai além da prescrição de planejamentos alimentares. Ele envolve uma abordagem integral que considera as motivações, capacidades e desafios individuais de cada paciente. Ao adotar uma postura aberta e empática, o nutricionista pode auxiliar os pacientes a superar barreiras, melhorar a adesão ao tratamento e, consequentemente, melhorar a qualidade de vida.

Olívia Koller (CRN-2 15873D) é nutricionista, mestra em Alimentação, Nutrição e Saúde pela UFRGS e doutoranda no PPG em Ciências Médicas: Endocrinologia na mesma Instituição. Atualmente, atua como nutricionista clínica em consultório particular, coordenadora do Grupo de Estudos em Comportamento Alimentar (NCA, InTCC) e coordenadora técnica/supervisora clínica do Ambulatório de Comportamento Alimentar (NCA, InTCC).

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