E se o fim de ano fosse mais leve? Dicas para aproveitar as festas de fim de ano e a chegada do verão sem culpa e com saúde!
Data de Publicação: 15 de dezembro de 2025
Crédito da Matéria: Assessoria de Comunicação CRN-2
Fotos: Assessoria de Comunicação CRN-2
Fonte: Natasha Fonseca (CRN-2 12.878)
O fim de ano costuma ser sinônimo de encontros, alegria e celebrações cheias de comidas gostosas. Mas, para muitas pessoas, também desperta preocupações com a imagem corporal, especialmente com a chegada do verão e a pressão para “entrar em forma” a qualquer custo. Entre confraternizações e uma enxurrada de comparações nas redes, nem sempre é simples manter uma relação tranquila com a comida e com o corpo.
Para falar sobre como atravessar esse período com mais consciência e equilíbrio e sem neura, convidamos a nutricionista Natasha Fonseca (CRN-2 12.878)* para uma conversa sobre bem-estar, saúde mental e alimentação compassiva nesta época do ano.
As festas de fim de ano envolvem comida, família, emoções variadas. Como podemos resgatar uma relação mais leve e prazerosa com a alimentação nesse período, especialmente para quem já sofre com pressões internas ou externas sobre o corpo?
Lembrar o que realmente importa sempre ajuda. As festas de fim de ano normalmente envolvem confraternizações e disponibilidade para estarmos com quem gostamos, trazendo a atenção para as conexões e para as reflexões que o período traz. A comida entra junto no pacote porque nossa cultura cultivou alimentos típicos e abundância, mas não é o mais importante. O mais importante é estar com quem amamos. Quando deslocamos o foco da comida para os vínculos, a experiência se torna mais leve. Valorizar esses momentos de alegria e estar conscientes do nosso consumo (sem exageros ou restrições excessivas, apenas desfrutando da porção suficiente), pode ajudar a encontrar prazer e leveza nesse período para retomar nossa rotina nos dias que se seguem.
Ainda pensando nas celebrações de fim de ano e também na chegada do verão, o que uma pessoa pode priorizar para apoiar tanto o bem-estar físico quanto o emocional, sem cair na lógica de “correr atrás do prejuízo”?
Harmonia e consciência. Nem sempre conseguimos cultivar essas duas virtudes todos os dias, mas sem elas tampouco encontramos bem-estar. É um movimento, um treinamento. Sair do 8 ou 80 e entrar em relação constante com a comida ou o corpo. Reduzir a autocobrança e definir de maneira realista o que é possível para esse período também pode ajudar a não cairmos em crenças perigosas de compensar o que possa ter excedido nas festas. Ajustar a frequência e a quantidade dos alimentos mais densamente calóricos pode ser uma estratégia para compartilhar esses momentos sem ter impacto no peso ou na saúde.
O final do ano costuma vir acompanhado de culpa alimentar, e o verão reforça comparações corporais. Como diferenciar um cuidado genuíno com a saúde de comportamentos restritivos que aumentam ansiedade, compulsão ou risco de transtornos alimentares?
Essa é uma pergunta difícil porque é uma linha tênue, por isso, se a dúvida surgir, é importante procurar um profissional da saúde especializado para uma avaliação. De toda forma, podemos nos basear no sofrimento associado. Se o cuidado começar a se tornar excessivo, intenso e trazer grande sofrimento ou preocupação, ele pode estar se tornando um problema e levar a pessoa a comprometer a própria saúde.
Estamos vivendo a “febre” das canetas emagrecedoras somada a uma volta do culto à magreza, principalmente em redes sociais. Como esse cenário impacta a relação com o corpo e a alimentação, e que orientações você daria para quem se sente sufocado por essas expectativas?
É um momento desafiador, principalmente porque é novidade e estamos nos adaptando a essa mudança de paradigma. Vejo muitos pacientes preocupados em não estar atingindo as metas do tratamento ou ainda outros desejando não ficar para trás, já que “todo mundo está emagrecendo, menos eu”. As metas se tornam irrealistas e é gerado um desejo que talvez nem fosse necessário para aquela pessoa (como quem já está com o peso adequado). Os parâmetros e referências corporais também ficam mais distantes. Com certeza esse cenário impacta a saúde mental de quem se preocupa com o corpo e a alimentação. Minhas orientações são: relembre sua intenção e seus valores associados ao corpo, reduza o consumo de redes sociais e deixe de seguir perfis que estimulem essas expectativas irreais ou difundam desinformação, reforce suas conexões e relações ou práticas nutritivas e desvie a rota para um caminho mais consciente com a sua realidade e com a saúde genuína. Se a pressão for muito intensa, procure um profissional da saúde mental para te ajudar nesse processo.
Para quem já lida com transtornos alimentares ou está em tratamento, o verão e as festas podem ser gatilhos importantes. Quais estratégias ou redes de apoio ajudam a atravessar esse período com segurança, sem abrir mão dos momentos afetivos, das tradições familiares e do prazer de comer?
Cada paciente precisa descobrir e construir individualmente, não existe uma resposta única e satisfatória para essa pergunta. Entretanto, estar consciente de que esse momento será desafiador e se preparar para ele já é o começo. Conhecer seus fatores de risco e seus gatilhos, identificar pessoas confiáveis que podem ser acionadas quando for preciso (familiares, amigos, parceiro…), consumir conteúdos (perfis, livros, podcasts…) construtivos e escrever previamente uma lista de possíveis estratégias para lidar melhor com os desafios previstos pode ajudar. A permissão para o afeto, a alegria e o prazer também é parte do tratamento e também entra como uma sugestão.
*Natasha Fonseca é nutricionista formada pela UFRGS com Graduação Sanduíche na Università degli Studi di Firenze, Itália. Mestre em Neurociências pela UFRGS. Doutoranda em Psiquiatria e Ciências do Comportamento da UFRGS. Primeira Instrutora de Mindful Eating. Atendimento em consultório desde 2016 com ênfase em comportamento alimentar, obesidade, mindfulness e saúde mental.
