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11 de outubro - Dia Nacional de Prevenção da Obesidade


Data de Publicação: 11 de outubro de 2020
Crédito da Matéria: Gabriela da Silva Schirmann CRN-2 10033


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   A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2014) afirma que a obesidade é um dos mais graves problemas de saúde que precisamos enfrentar, pois o sobrepeso e a obesidade estão aumentando em um ritmo alarmante.

   Em âmbito mundial, entre 1980 e 2014, a proporção de obesos mais que duplicou. O aumento da prevalência de obesidade acontece, sobretudo, devido à alimentação inadequada e ao sedentarismo; mudanças comportamentais que ocorreram, principalmente, nas últimas décadas. A OMS considera a obesidade como uma epidemia mundial. A estimativa para 2025 é de 2,3 bilhões de adultos acima do peso, sendo 700 milhões de indivíduos com obesidade, portanto com o índice de massa corporal (IMC) acima de 30Kg/m².

   No Brasil, as estimativas de prevalência de obesidade, segundo o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL), aumentaram de 15 para 18% de 2010 a 2014, em ambos os sexos. Na Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), a prevalência de obesidade entre os homens aumentou de 9,3% (POF 2002-2003) para 12,7% (POF 2008-2009). No caso das mulheres, a prevalência de obesidade passou de 14,0 para 17,5%, nas respectivas pesquisas (veja os gráficos).

   Quanto aos principais fatores de risco para o desenvolvimento da obesidade, vários estudos destacam a alimentação não saudável, rica em gorduras e açúcares e com consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, associados à inatividade física ou prática insuficiente de exercícios físicos. Indicadores que medem a frequência de atividade física, tanto no lazer como no trabalho, e o sedentarismo (horas assistidas de televisão por dia) são importantes para avaliar o estilo de vida das pessoas. Vários estudos nacionais e internacionais têm evidenciado uma associação entre horas de televisão assistidas e o excesso de peso e a obesidade na população em geral (MENDONÇA & ANJOS, 2004; MARTÍNEZ-MOYÁ, et al. 2014).

   A obesidade está muito relacionada ao desenvolvimento de diversas doenças crônicas não transmissíveis. O maior risco é para diabetes mellitus, doenças cardiovasculares e câncer. No Brasil, a prevalência de diabetes em adultos com obesidade é mais que o dobro (14,0%), quando comparados com adultos eutróficos e/ou baixo peso (que é de 5,6%). Vários estudos mostram que a obesidade também aumenta o risco de hipertensão arterial. Diversos tipos de câncer, como o colorretal, também apresentam forte associação com a obesidade (BORGES, et al., 2005; GUH, et al., 2009; BAHIA, et al., 2012; OYEBODE, et al., 2014; ISER, et al., 2016).

   Várias são as formas de mensuração da obesidade, sendo o índice de massa corporal (IMC) o principal indicador na avaliação do estado nutricional em adultos. É obtido por meio da razão entre o peso e o quadrado da altura do indivíduo e, segundo a classificação da OMS, valores maiores ou iguais a 25 kg/m² indicam sobrepeso e valores maiores ou iguais a 30,0 kg/m² caracterizam obesidade. 

Valores de referência para classificação do IMC em adultos

IMC

Diagnóstico

menor que 18,5

baixo peso

entre 18,5 e 24,9

intervalo normal

entre 25 e 29,9

sobrepeso

entre 30 e 34,9

obesidade classe I

entre 35 e 39,9

obesidade classe II

maior que 40

obesidade classe III

Fonte: https://aps.bvs.br/apps/calculadoras/?page=6

    Para o enfrentamento desta epidemia de obesidade, em qualquer nível de assistência (atenção básica ou hospitalar) devemos contar sempre com o nutricionista, profissional habilitado para a promoção, proteção e recuperação da saúde de cada indivíduo, por meio da ciência da nutrição, sendo capaz de orientar hábitos alimentares saudáveis e adequados, proporcionando saúde e melhor qualidade de vida.

   Uma ótima referência para auxiliar no combate da obesidade no Brasil é o Manual de Diretrizes para o Enfrentamento da Obesidade na Saúde Suplementar Brasileira, publicado pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) em 2017.

Aborda como estratégias para a prevenção da obesidade infanto-juvenil:

- Desenvolvimento de ações educativas de promoção da alimentação saudável desde o pré-natal;

- Promoção do aleitamento materno;

- Introdução adequada de alimentação complementar, de acordo com as recomendações técnicas;

- Estímulo ao conhecimento sobre a importância da atividade física e práticas corporais no desenvolvimento da criança e do adolescente;

- Promoção de atividades físicas lúdicas e recreativas;

- Observação do comportamento sedentário;

- Promoção adequada de horas de sono;

- Controle do tempo de tela a que crianças e adolescentes estão submetidos (TV, tablet, celular e jogos eletrônicos);

- Identificação dos pacientes de risco.

E recomendações para a adoção de hábitos de vida saudáveis na população adulta:

- Manter uma alimentação saudável, baseada nos dez passos para uma alimentação adequada, sistematizados pelo Guia Alimentar da População Brasileira (Ministério da Saúde, 2014);

- Fazer de alimentos in natura ou minimamente processados a base da alimentação;

- Evitar o consumo de alimentos ultraprocessados - salsichas, linguiças, salames e presuntos, entre outros - e de alimentos preparados em frituras de imersão (batata frita, salgados);

- Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades ao temperar e cozinhar alimentos e evitar caldos industrializados;

- Reduzir a ingestão de açúcar, gordura saturada e sal;

- Aumentar o consumo de frutas, verduras e legumes;

- Aumentar a prática de atividades físicas.

    Outubro é um mês com muitas datas importantes para os cuidados com saúde da população, e o Dia Nacional de Prevenção da Obesidade é mais um destes. Sabe-se que a obesidade é uma doença multifatorial, sendo sua prevenção e tratamento de extrema importância, realizada por profissionais capacitados e com abordagem multiprofissional. 

   Trate a pessoa com obesidade com respeito.


Gabriela da Silva Schirmann possui graduação em Nutrição pela Universidade do Vale do Itajaí, UNIVALI (2004)

 

Especialização em Saúde da Família pela Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC (2008)..

Especialização em Tecnologia de Frutas e Hortaliças pela Universidade Federal de Pelotas, UFPEL (2013).

Mestrado em Agroecossistemas pela Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC (2009).

Atualmente é professora do Curso de Nutrição do Centro Universitário da Região da Campanha, URCAMP (2013 – 2020).

 

 


REFERÊNCIAS

 

Agência Nacional de Saúde Suplementar (Brasil). Diretoria de Normas e Habilitação dos Produtos. Gerência-Geral de Regulação Assistencial. Gerência de Monitoramento Assistencial. Coordenadoria de Informações Assistenciais. Manual de diretrizes para o enfretamento da obesidade na saúde suplementar brasileira [recurso eletrônico] / Agência Nacional de Saúde Suplementar. Diretoria de Normas e Habilitação dos Produtos. Gerência-Geral de Regulação Assistencial. Gerência de Monitoramento Assistencial. Coordenadoria de Informações Assistenciais. – Rio de Janeiro : ANS, 2017. 6.5 MB; ePUB. Disponível em: http://www.ans.gov.br/images/final_obesidade_26_12.pdf

 

Bahia L,Coutinho ESF,Barufaldi LA,Abreu GA, Malhão TA,Souza CPR, etal. The costs of overweight and obesity-related diseases in the Brazilian public health system: cross-sectional study. BMC Public Health 2012; 12: 440. https://doi.org/10.1186/1471-2458-12-440

 

Brasil. Ministério da Saúde. Vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico. Brasília: Ministério da Saúde, Agência Nacional de Saúde Suplementar; 2017.

 

Borges HP, Cruz NC, Moura EC. Associação entre Hipertensão Arterial e Excesso de Peso em Adultos, Belém, Pará, 2005. Arq Bras Cardiol 2008; 91(2): 110-8. http://dx.doi.org/10.1590/S0066-782X2008001400007

 

Guh DP, Zhang W, Bansback N, Amarsi Z, Birmingham CL, Anis AH. The incidence of co-morbidities related to obesity and overweight: a systematic review and meta-analysis. BMC Public Health 2009; 9: 88. https:// doi.org/10.1186/1471-2458-9-88

 

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de orçamentos familiares 2002-2003: Análise da disponibilidade domiciliar de alimentos e do estado nutricional no Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; 2004.

 

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa de orçamentos familiares 2008-2009: análise do consumo alimentar pessoal no Brasil. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística; 2011.

 

Iser BPM, Vigo A, Duncan BB,Schmidt MI. Trends in the prevalence of self-reported diabetes in Brazilian capital cities and the Federal District, 2006–2014. Diabetol Metab Syndr 2016; 8: 70. https://dx.doi. org/10.1186%2Fs13098-016-0185-x

 

Martínez-Moyá M, Navarrete-Muñoz EM,García de la Hera M, Giménez-Monzo D, González-Palacios S, Valera-Gran D, etal. Association between hours of television watched, physical activity, sleep and excess weight among young adults. Gac Sanit 2014; 28(3): 203-8. https://doi.org/10.1016/j.gaceta.2013.12.003

 

Mendonça CP, Anjos LA.Aspectos das práticas alimentares e da atividade física como determinantes do crescimento do sobrepeso/obesidade no Brasil. Cad Saúde Pública 2004; 20(3): 698-709. http://dx.doi. org/10.1590/S0102-311X2004000300006

 

OMS_World Health Organization.Global status report on noncommunicable diseases 2014.Genebra: World Health Organization; 2015.

 

Oyebode O, Gordon-Dseagu V, Walker A, Mindell JS. Fruit and vegetable consumption and all-cause, cancer and CVD mortality: analysis of Health Survey for England data. J Epidemiol Community Health 2014; 68(9): 856-62. https://doi.org/10.1136/ jech-2013-203500

 

Popkin BM. The nutrition transition and obesity in the developing world. J Nutr 2001; 131(3): 871S-3S. https://doi.org/10.1093/jn/131.3.871S


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