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DIA DO IDOSO - Envelhecimento no Brasil: um grande desafio para os nutricionistas!


Data de Publicação: 30 de setembro de 2020
Crédito da Matéria: Patrícia Chagas CRN-2 4305


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     O envelhecimento das populações é um fenômeno mundial. No Brasil, este processo ocorre de forma acelerada. Para se ter uma ideia da intensidade deste fenômeno no nosso país, em 1991 a população idosa era de 10,7 milhões, e passou, no ano 2000, para 14,5 milhões; um aumento de 35%. Já de 2000 para o ano de 2020, esta população teve um acréscimo de 100%, elevando o número de idosos para 29 milhões. E este aumento não vai parar por aí. A expectativa é de que até o ano de 2060 tenhamos um crescimento de 160% neste número, com previsão de chegarmos neste período aos 73 milhões de idosos no Brasil! 
 
     Países que estão entre as populações mais longevas, como o Japão e a Espanha, nos mostram que o padrão dietético exerce um papel fundamental na prevenção das doenças crônicas e na promoção da longevidade com qualidade de vida. 
 
     O Japão, além de ser o país com maior expectativa de vida do mundo, é também o país que tem o maior número de centenários. Okinawa, uma ilha ao sul do Japão, tem um baixo índice de mortes por problemas cardiovasculares e muitos atribuem este fato à "Dieta de Okinawa”, um padrão dietético rico em vegetais de raiz (principalmente batata-doce), vegetais verdes e amarelos, alimentos à base de soja e plantas medicinais. Peixes, carnes magras, frutas, guarnições e especiarias medicinais, chá e bebida alcoólica também são consumidos moderadamente. Não existem trens nesta província. Seus habitantes são obrigados a caminhar. Os japoneses também são o povo com menor índice de obesidade do mundo.
 
     O padrão dietético dos países que circundam o mar Mediterrâneo também tem sido extensivamente estudado, pois apresentam, além da alta expectativa de vida, menor incidência de doença cardiovascular, de câncer, e também menor mortalidade. A Dieta Mediterrânea tem sua base na abundância de alimentos plantados (frutas, vegetais, batata, feijões, nozes e sementes), minimamente processados e cultivados localmente. Nesta dieta as frutas frescas são a principal sobremesa típica diária, o azeite de oliva é a principal fonte de gordura e os laticínios são consumidos diariamente em quantidades pequenas a moderadas. Além disto, os peixes e aves são consumidos com moderação, o consumo de ovos varia de zero a quatro unidades por semana, a carne vermelha é consumida em pequenas quantidades e o vinho é consumido em quantidades pequenas a moderadas, normalmente com as refeições. 
 
     E quando analisamos o estilo de vida dos povos longevos, verificamos que o cuidado com a alimentação vem ao longo de toda a vida, e não somente quando são idosos. Desta forma, devemos nos atentar que o nosso país está envelhecendo, mas que para alcançarmos longevidade com qualidade, a dieta deve ser saudável ao longo de todas as fases da vida, ou seja, desde que nascemos (ou desde o ventre materno). 
 
     Isto significa dizer que nós, nutricionistas, temos o papel primordial em estimular uma longevidade saudável, pois somos capacitados para promover as melhores ações e práticas alimentares em todas as fases da vida. Somos responsáveis por manter a saúde e qualidade de vida da sociedade por meio da alimentação. Também por monitorar a situação alimentar e nutricional de toda população, fazendo as intervenções nutricionais adequadas quando necessário. 
Neste processo, precisamos que todos tenhamos, durante todas as fases da vida, acesso a alimentos saudáveis. E quando a vida moderna é marcada por intensas horas de trabalho e existe uma ampla variedade de alimentos ultraprocessados à disposição , está aí um grande desafio para a sociedade e para os nutricionistas!   
 
     Embora uma boa alimentação ao longo da vida possa minimizar, retardar ou até evitar o aparecimento das doenças crônicas (obesidade, diabetes, dislipidemia, hipertensão,..) é importante lembrar que a idade e o consequente processo do envelhecimento também são fatores de risco para desenvolvimento destas doenças e de outras doenças degenerativas (Alzheimer, Parkinson, Artrose, Osteoporose,...)  que também podem comprometer a qualidade de vida dos idosos. 
 
     Os nutricionistas precisam estar preparados para identificar o risco nutricional e fazer as intervenções adequadas nestas situações.  
 
     Uma vida mais longa é uma bela oportunidade para nos dedicarmos para tudo aquilo que somos apaixonados! Neste Dia Nacional e Internacional do Idoso desejo que todos tenham a chance de envelhecer com saúde para que possam aproveitar e sentir as alegrias desta bela fase da vida!
 
Nutricionista Patrícia Chagas é graduada em Nutrição pelo Instituto Metodista de Educação e Cultura (1999)
Mestre (2004) e Doutora (2010) em Gerontologia Biomédica pelo Instituto de Geriatria e Gerontologia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. 
Estágio Pós-Doutoral no Centro de Investigación Cardiovascular (CSIC-ICCC) do Hospital Sant Pau, IIB-Sant Pau, em Barcelona/Espanha.  
Professora Associada do Departamento de Alimentos e Nutrição e Professora Permanente dos Programas de Pós-graduação em Gerontologia e da Pós-graduação em Reabilitação Funcional da Universidade Federal de Santa Maria.  
Líder do NUREN - Núcleo de Referência em Estudos do Envelhecimento Humano da UFSM e do GIANA - Grupo de Investigação em Avaliação Nutricional e Aterosclerose/UFSM. 


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