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Semana Mundial da Amamentação


Data de Publicação: 17 de agosto de 2020
Crédito da Matéria: Renara Guedes Araújo - Consultora Técnica do Ministério da Saúde na Coordenação de Saúde da Criança e Aleitamento Materno


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   A Semana Mundial da Amamentação (SMAM) foi criada em 1992, como um desdobramento da Declaração de Innocenti de 1990, com o objetivo de promover, proteger e apoiar o aleitamento materno, ocorrendo atualmente em mais de 150 países. Em 2017, a Lei Federal nº 13.435 instituiu o mês de agosto como "Agosto Dourado”, para que as ações intersetoriais de conscientização e informação sobre a importância do leite materno sejam intensificadas. 

   Nota-se um movimento durante a SMAM sobre as mães que não amamentam, que elas também amam seus filhos não importando a forma de nutri-los. Sim, isso é verdade, toda mãe alimenta seu filho com amor. No entanto, a SMAM não é sobre amar os filhos ou sobre nutrição. Ela é sobre fortalecer, apoiar, promover e proteger o aleitamento materno, falar da importância do leite materno e seus benefícios para a criança, para a mulher e até para o planeta.

   O leite materno é o "padrão ouro” da alimentação. Não existe nenhum outro leite igual ou parecido. Existem inúmeras evidências científicas robustas sobre seus benefícios.

   As campanhas são realizadas para chamar a atenção para alguma temática; é assim com o Outubro Rosa, Novembro Azul e campanhas de vacinação, por exemplo, que existem porque se quer aumentar a prevenção do câncer de mama, próstata e cobertura da vacinação, respectivamente. E assim é com a SMAM, ela existe para que mais crianças sejam amamentadas por suas mães.

   Menos de 50% das crianças do mundo são amamentadas exclusivamente no peito até os seis meses de vida, e para grande parte desse número, não existe razão médica aceitável para isso. Veja abaixo os parâmetros da OMS para os indicadores de aleitamento materno e como ainda estamos muito aquém do "muito bom”.

    Por trás da maioria das indicações do uso de fórmula infantil ou outros leites, existe uma indústria gigante que investe alto em marketing dos seus produtos junto aos profissionais de saúde e às famílias. Muitas dessas estratégias infringem a Norma Brasileira de Comercialização de Alimentos para Lactentes e Crianças de Primeira Infância, bicos, chupetas e mamadeiras (NBCAL). Utilizam formas que "seduzem” os profissionais de saúde, como pagamento de cursos, viagens e entrega de brindes, assim como desempoderam a mulher, deixando-a com dúvidas sobre o leite materno, acreditando  que ele é "fraco” e que o leite que está na lata é melhor e mais forte que o seu.

   Raras são as mulheres que não produzem leite suficiente. NÃO EXISTE LEITE FRACO! Todo leite produzido pela mulher é ideal para o seu filho. A composição do leite materno em mães de bebês prematuros é diferente em relação ao leite de mulheres que têm bebês a termo, porque o corpo da mulher sabe que aquela criança veio antes da hora e precisará de mais nutrientes para se recuperar mais rapidamente. Essa individualização também ocorre com mães de gêmeos, que produzem conforme a demanda dos seus filhos. O leite materno pode variar de cor e sabor, no entanto, isso não diz sobre a qualidade dele, o corpo o produz com quantidades adequadas de calorias, anticorpos, água, nutrientes, vitaminas, sais minerais para cada criança.

   A amamentação pode não ser fácil, a mulher pode ter dificuldades e ela precisa de uma REDE DE APOIO forte ao seu lado nesse processo. Ela precisa de informações baseadas em evidência desde o pré-natal para estar preparada e segura para o que virá após o nascimento do filho. Precisa de bons profissionais de saúde que a acolham, ouçam, ajudem, que tenham habilidades de comunicação e saibam manejar o aleitamento materno. Precisa dos seus familiares e amigos, sem que estes fiquem dando palpites e opiniões, precisa de uma sociedade apoiadora.

   Quando acontece de precisar alimentar a criança de outra forma, após se esgotarem todas as possibilidades da mulher amamentar, ela e sua família devem ser ainda mais acolhidas, apoiadas e respeitadas individualmente, sem julgamentos.

   Amar os filhos vai muito além de nutri-los! A SMAM não é sobre amor, é uma campanha de fortalecimento da amamentação.

 

*Renara é Mestre em Saúde da Criança e da Mulher, pelo Instituto Fernandes Figueira - Fundação Oswaldo Cruz. Pós-Graduada em Saúde Pública, com ênfase em Saúde da Família. Graduada em Nutrição. Experiência na área de Políticas Públicas e Saúde Pública, nos seguintes temas: Segurança Alimentar e Nutricional, Nutrição Materno Infantil, Aleitamento Materno. Experiência na Saúde Suplementar em auto-gestão e seguradora de saúde.

 


Referências Bibliográficas

- waba.org.my

- Brasil. Presidência da República. Secretaria-Geral. Subchefia para assuntos jurídicos. Lei nº 13.435 de 12 de abril de 2017. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/L13435.htm

- Victora, CG, Bahl AJ, Barros AJ, França GV, Horton S, Krasevec J, et. al. Breastfeeding in the 21st century: epidemiology, mechanisms, and lifelong effect. The Lancet, 2016; 387: 475-490

- Rollins NC, et al. Lancet Breastfeeding Series: Why invest, and what it will take the improve breastfeeding practices in less than a generation. Lancet 2016; 387: 491-504

- Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Saúde da criança : aleitamento materno e alimentação complementar / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2015.

- Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Primaria à Saúde. Departamento de Promoção da Saúde. Guia alimentar para crianças brasileiras menores de 2 anos / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção Primaria à Saúde, Departamento de Promoção da Saúde. – Brasília : Ministério da Saúde, 2019.

- Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. A legislação e o marketing de produtos que interferem na amamentação: um guia para o profissional de saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009.


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