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Rótulo nutricional ou bicho de sete cabeças?


Data de Publicação: 27 de agosto de 2013
Crédito da Matéria: Assessoria imprensa - CRN-2
Fonte: Indec


 Pesquisa inédita do Idec mostra que a população brasileira ainda tem dúvidas sobre as informações dispostas nas embalagens de alimentos industrializados. Semáforo nutricional é apontado como uma das saídas para melhorar o entendimento.

O ser humano moderno existe há milhares de anos e, desde essa época pré-histórica, nosso organismo mudou muito pouco. A alimentação, ao contrário, passou por revoluções. As consequências desse descompasso são os casos cada vez mais comuns de obesidade, diabetes, hipertensão e uma série de outras doenças crônicas. Dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2009, mostram que metade dos adultos brasileiros apresenta excesso de peso, e quase 15% já são obesos.

Um passo importante para evitar esses problemas é ler as informações nutricionais dos alimentos industrializados. Mas o brasileiro leva em conta as informações das embalagens antes de levar um produto para o seu prato?

Uma pesquisa realizada pelo Idec com 807 mulheres (veja o quadro Como foi feita a pesquisa) – metade delas sem problemas de saúde e metade com doenças como hipertensão, diabetes, colesterol elevado e/ou obesidade – mostra que a informação nutricional é valorizada no momento da compra de alimentos: a maior parte das entrevistadas afirma observar o rótulo: 27% dizem que leem sempre essas informações e 51% afirmaram ler às vezes, contra 21% que nunca leem. "Consideramos bastante positivo que quase 80% das pessoas tenham declarado observar com frequência as informações nutricionais no momento da compra, pois isso demonstra uma preocupação com a qualidade da alimentação importante para frear o crescimento dos números de doenças crônicas", afirma Ana Paula Bortoletto, nutricionista do Idec que coordenou a pesquisa.

   Em São Paulo, 70% confiam nas informações dos rótulos. Classes A/B confiam mais (44%), utilizam mais as informações para uma dieta saudável (38%) e estão mais dispostas a mudar de marca segundo as informações nutricionais (23%).

   Apesar de as consumidoras reconhecerem a importância dessas informações para fazer escolhas mais saudáveis, a pesquisa também revela que ver e entender o conteúdo da tabela nutricional ainda é um problema para uma parcela significativa das entrevistadas: 30% afirmam compreender apenas parcialmente, e outros 10% nada ou muito pouco. "Ou seja, a informação é valorizada, mas ainda utilizada de maneira restrita, porque as pessoas não conseguem compreendê-la totalmente", ressalta Ana Paula. Chama a atenção, ainda, que menos da metade das entrevistadas, de todas as faixas de renda, saiba que a rotulagem de alimentos é obrigatória por lei. "Surpreende também o fato de as mulheres que têm doenças crônicas ou familiares nessa situação – e que teoricamente necessitam desse tipo de informação – não utilizarem mais a rotulagem que as demais", diz a nutricionista do Idec.

  Como foi feito a pesquisa

 O levantamento faz parte de um projeto apoiado pelo IDRC (The International Development Research Centre, ou Centro Internacional de Investigação sobre o Desenvolvimento) sobre regulação de alimentos e doenças crônicas. Esse é o primeiro estudo brasileiro que avalia o conhecimento, a percepção, o comportamento e a preferência do consumidor sobre rotulagem nutricional de maneira abrangente, em quatro cidades do país.

Participaram da pesquisa 807 mulheres adultas, de todas as faixas de renda, com idades entre 20 e 65 anos, residentes nas cidades de São Paulo (SP), Goiânia (GO), Salvador (BA) e Porto Alegre (RS). Entre as participantes, 404 sofrem de doenças como hipertensão, diabetes, obesidade, problemas cardíacos, dislipidemia (colesterol elevado) e osteoporose ou residem com familiares nessas condições. O restante não possui nenhuma dessas doenças.

Os dados foram coletados por uma empresa de pesquisa de mercado entre os dias 8 e 19 de maio de 2013, em locais de grande circulação. A margem de erro ficou abaixo de 4%.


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