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29 de setembro - DIA MUNDIAL DO CORAÇÃO


Data de Publicação: 29 de setembro de 2021
Crédito da Matéria: Sandra Mari Barbiero, CRN-2 2125


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   Dados e diretrizes atuais mostram um cenário preocupante, com o crescimento de doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), que estão subtraindo vidas ou alterando a qualidade destas. Importante destacar que essas patologias são, em grande parte, passíveis de se prevenir e tratar.
 
   Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), as DCNT (doenças do aparelho circulatório, neoplasias malignas, diabetes mellitus e doenças respiratórias crônica) são responsáveis por cerca de 71% das mortes em todo o mundo. A cada ano, em torno de 15 milhões de pessoas entre 30 e 69 anos são vítimas das DCNT.¹ 
 
   No Brasil, em 2016, as DCNT foram associadas a 74% do total de mortes, com destaque para doenças cardiovasculares (DCV).² Cerca de 14 milhões de brasileiros têm alguma DCV e, pelo menos, 400 mil morrem por ano em decorrência dessas enfermidades, o que corresponde a 30% de todos os óbitos no país, números que podem estar sendo agravados pela pandemia da Covid-19.³  
 
   Já sabemos que a qualidade e a quantidade dos alimentos, fontes de gorduras, influenciam tanto a patogênese, quanto a prevenção das DCV.
 
   A American Heart Association (AHA) foi a pioneira, há mais de 50 anos atrás, na elaboração de diretrizes e posicionamentos sobre a ingestão de gorduras e proposição para adequações ao seu consumo.4 Esta indicação se baseou no fato de que o consumo de gordura pela população americana era muito elevado (36% a 46% do VCT) e foi associado ao aumento de risco cardiovascular. Frente a estes dados, o American College of Cardiology (ACC) e a AHA recomendam limite de 5% a 6% das calorias na forma de gordura saturada, para indivíduos hipercolesterolêmicos. Neste mesmo sentido, a diretriz europeia para o controle das dislipidemias, ESC/EAS 2019, recomenda limite de gorduras saturadas (< 7% do VCT) e de gorduras totais (< 35% do VCT).5
 
   De acordo com estas orientações, devemos repensar nossas escolhas alimentares, em que calorias provenientes de gordura saturada devem ser reduzidas/substituídas por mono e polissaturadas. Não esquecendo que as gorduras saturadas são encontradas em uma diversidade de alimentos que variam em estrutura e composição, desde as carnes, lácteos e os industrializados, levando a diferentes efeitos sobre os lipídeos plasmáticos.
 
   As diretrizes internacionais nos orientam a priorizar um padrão de alimentação saudável, dentre elas a Dieta do Mediterrâneo e DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension). Aqui, temos o Guia Alimentar para a População Brasileira que traz exemplos de combinações alimentares saudáveis e que também explica que os benefícios não devem ser atribuídos a um alimento individualmente e sim, ao conjunto que integra o padrão alimentar: inclusão de grãos, frutas, hortaliças e redução de carboidratos refinados, especialmente os açúcares.
 
   Dados mais atuais da população brasileira (VIGITEL 2018 e POF 2019) informam que houve um aumento no número de pessoas que se alimentam fora do domicílio, o que aumenta a chance do consumo de refeições em lanchonetes, os quais podem apresentar baixa qualidade nutricional, por seu reduzido teor de fibras, vitaminas e alta concentração de gorduras e carboidratos refinados.2,6
 
   Além das gorduras saturadas, não podemos esquecer das gorduras trans e seu impacto prejudicial sobre o risco cardiovascular. Estudo recente conduzido no Brasil, revela que um quinto dos alimentos empacotados ainda são preparados com este ácido graxo.7
 
   Frente ao exposto, precisamos repensar nossas orientações e escolhas alimentares, sem radicalismo, respeitando os hábitos e culturas, reforçando a importância das refeições elaboradas no domicílio, orientando sobre o ato de comer e principalmente, o prazer proporcionado pela alimentação equilibrada.
 
   Seu coração também irá agradecer se houver um estimulo ao movimento, combatendo o sedentarismo, melhorando inúmeras funções do organismo (controle pressórico, perfil lipídico, circulação, qualidade do sono, estresse, etc) e dando ao corpo o prazer do exercício com a liberação de endorfinas que geram bem-estar.
  
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Ele irá orientar uma dieta saudável e adequada para prevenir e tratar as doenças do coração. 
 
   Possui graduação em Nutrição pelo Instituto Metodista de Educação e Cultura (1990), mestrado (2006) e doutorado (2013) em Ciências da Saúde: Cardiologia pelo Instituto de Cardiologia do Rio Grande do Sul. 
 
   Foi coordenadora na área de Nutrição na Residência Multiprofissional Integrada em Saúde: Cardiologia, da Fundação Universitária de Cardiologia. 
 
   Tem experiência na área de Nutrição, com ênfase em Desnutrição e Desenvolvimento Fisiológico, atuando principalmente nos seguintes temas: perfil nutricional, obesidade infantil, adolescente e fatores de risco para doença cardiovascular. 
 
   Tem experiência em docência à nível técnico, graduação e pós-graduação, na banca na elaboração de questões para concurso de seleção, bem como entrevistas de seleção. 
 

Referências:
1.  World Health Organization (WHO). Global Health Observatory. [Cited in 2019 Dec 12]. Available from: https://www.who.int/gho/ncd/mortality_ morbidity/en/.
2.Brasil. Ministério da Saúde. Vigitel Brasil 2018: vigilância de fatores de risco e proteção para doenças crônicas por inquérito telefônico: estimativas sobre frequência e distribuição sócio demográfica de fatores de risco e proteção para doenças crônicas nas capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito Federal em 2018. Brasília; 2019.
3.Sociedade Brasileira de Cardiologia. https://www.portal.cardiol.br/post/confer%C3%AAncia-internacional-celebrar%C3%A1-dia-mundial-do-cora%C3%A7%C3%A3o  acessada em 16/09/21.
4.Izar MCO, Lottenberg AM, Giraldez VZR, Santos Filho RDS, Machado RM, Bertolami A, et al. Posicionamento sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular-2021. Arq Bras Cardiol. 2021; 116(1):160-212.
5.Grundy SM, Stone NJ, Bailey AL et al. 2018AHA/ACC/AACVPR/AAPA/ABC/ACPM/ADA/AGS/APhA/ASPC/NLA/PCNA Guideline on the Management of Blood Cholesterol: A Report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Clinical Practice Guidelines. Circulation. 2019; 139(25):e1082-143.
6.Pesquisa de orçamentos familiares 2017-2018: primeiros resultados/IBGE, Coordenação de Trabalho e Rendimento. Rio de Janeiro: IBGE, 2019. pp. 69.
7.Ricardo CZ, Peroseni IM, Mais LA et al. Trans Fat Labeling Information on Brazilian Packaged Foods. Nutrients. 2019; 11(9). pii: E2130. 


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