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Notícias

Seminário do CRN-2 destaca alimentação orgânica


Data de Publicação: 21 de outubro de 2014
Crédito da Matéria: Assessoria imprensa - CRN-2


 O CRN-2, atento a temas que precisam estar presentes na prática dos profissionais que têm no alimento seu instrumento de trabalho, realizou, no dia 17 de outubro, o II Seminário Temático: Alimentação Orgânica: saúde do consumidor, do produtor e do meio ambiente. Esta iniciativa integrou as ações da Semana Mundial da Alimentação no Rio Grande do Sul, que em 2014, teve como tema "Agricultura familiar: Alimentar o mundo, cuidar do planeta”. O CRN-2 é um dos promotores da Semana da Alimentação RS, juntamente com o Governo do Estado do Rio Grande do Sul, Consea/RS, Emater/Ascar, Fesans e Ação da Cidadania.

   A programação do evento foi elaborada para possibilitar amplo debate entre os profissionais da Nutrição e de outros segmentos da sociedade sobre a atual conjuntura de consumo e produção de alimentos agroecológicos no Rio Grande do Sul. Esta iniciativa do CRN-2 busca, também, cumprir com seu papel perante aos nutricionistas e à sociedade, assegurando a visibilidade e o reconhecimento de suas atuações na promoção da saúde e do direito humano à alimentação. Foram convidadas para expor o tema, diversas pessoas que atuam, de alguma maneira, no cenário da agroecologia.

   A mesa de abertura foi composta pela presidente do CRN-2, Carmem Kieling Franco, pelo presidente do Creci-RS, Flávio Koch, e pelos representantes das instituições promotoras da Semana da Alimentação no Rio Grande do Sul: Edni Oscar Schroeder, presidente do Consea/RS; Regina Miranda, gerente técnica adjunta da Emater/Ascar. Carmem Franco ressaltou que o CRN-2 vem participando e promovendo eventos com destaque a uma alimentação segura e sem agrotóxicos, resultantes de um processo socialmente justo e que protege a natureza. “É o respeito ao consumo alimentar, em uma visão da saúde num sentido mais amplo, com consideração a quem produz, a quem consome e ao meio ambiente” lembrou a presidente. Os integrantes da mesa salientaram a importância da promoção de iniciativas que reflitam e estimulem a agricultura familiar e a produção orgânica.

Alimentação orgânica como um caminho para SAN

    “Alimentação Orgânica: o único caminho para a segurança alimentar e nutricional” foi a palestra apresentada pelo biólogo e arquiteto Francisco Milanez, coordenador do Plano Rio Grande do Sul Sustentável (PRGSS). Ele fez um relato sobre o PRGSS que tem como objetivo promover ações que levem o estado a ser ambientalmente sustentável, socialmente justo, culturalmente respeitoso e economicamente viável. Milanez refletiu sobre como os homens transformaram o campo, espaço que era sinônimo de saúde, para um lugar que pode significar muita doença. Argumentou que a produção vegetal e animal precisa ser segura para a saúde e para o meio ambiente.

   O biólogo anunciou, ainda, que recentemente foi implementada, no Rio Grande do Sul, legislação específica com a finalidade implantar, promover e articular ações que visem a inserir critérios socioambientais, compatíveis com os princípios de desenvolvimento sustentável.  O decreto 51.771, de agosto de 2014, foi formulado através do programa ‘RS Sustentável’. Milanez informou que a legislação proíbe a utilização de alimentos geneticamente modificados na compra de alimentos pelos órgãos da Administração Pública Estadual. Também que, na aquisição dos produtos, deverá ser priorizada a produção orgânica, sem uso de fertilizantes sintéticos, agrotóxicos e adubos químicos, e, ainda a criação animal sem uso de substâncias químicas artificiais ou tóxicas.

   A palestra foi coordenada pela presidente do CRN-2, Carmem Franco.

Relato de Experiência

   A transformação de uma vontade política em uma nova realidade para um público específico, oportunizando hábitos mais saudáveis e consumo responsável, fundamentou a apresentação dos “Cases de sucesso - Alimentos Orgânicos na lista de compras”.

Entendendo que iniciativas desta natureza precisam ser divulgadas e destacadas, o CRN-2 convidou responsáveis por três diferentes segmentos que dedicaram um espaço para mudar o cenário de compras de alimentos, focando na agricultura familiar e na produção orgânica.

Alimentação Escolar

   O primeiro relato de experiência evidenciou a iniciativa do município gaúcho de Cerrito, com a compra para a alimentação escolar de produtos da agricultura familiar. Compareceram ao Seminário, a nutricionista Renata Solé, CRN-2 2711, Responsável Técnica pela Alimentação Escolar; o prefeito de Cerrito, José Flávio Vieira de Vieira; o Extensionista Rural da Emater, Engenheiro Agrônomo Leandro Andrade da Fonseca, e a agricultora Laurete da Rosa.

   Renata explicou que o resgate e a manutenção da segurança alimentar e nutricional sustentável, a valorização da produção local, o envolvimento da comunidade e uma alimentação escolar mais saudável estão entre os objetivos do programa. “Nosso primeiro passo, para iniciar esse processo, foi convidar os agricultores para reuniões e convencê-los de nossa proposta. Procuramos saber o que eles produziam e ajustamos os cardápios. Criamos, com isso, um elo de confiança com os produtores”. Entre os resultados desta estratégia, conforme explica a nutricionista, estão o aumento da autoestima dos agricultores e da adesão ao programa; a oferta de alimentos mais saudáveis; a boa aceitabilidade pelos alunos. “A prefeitura já tem promovido, inclusive, feiras com os produtos excedentes da agricultura familiar”. Renata colocou alguns desafios que estão na pauta da equipe, como a introdução de alimentos orgânicos e de produtos processados; a diversificação da produção, e a estruturação da Cooperativa dos Agricultores Familiares de Cerrito (Coafac). Segundo ela, “esse projeto proporcionou para os principais atores, agricultor e comunidade escolar, não apenas uma alimentação saudável, mas um ato de cidadania”.

   O prefeito evidenciou toda a importância que Cerrito dá à alimentação escolar. “É através da educação que a gente pode mudar esse país e deve iniciar por uma alimentação saudável” destacou José Flávio. “Eu estabeleço uma cobrança muito forte dentro da administração desse programa. Paradigmas foram quebrados e hoje estamos com resultados muito bons. “Temos em torno de mil e trezentas pequenas propriedades no município. Os agricultores estão produzindo mais e já vendem pra municípios vizinhos. “Temos o exemplo da Laurete e de tantos outros, que vieram se somar a um trabalho conjunto.” 

   “Que bom que a Laurete deu certo, a gente vai seguir trabalhando com ela e com os outros agricultores”, afirmou o Engenheiro Agrônomo, Leandro da Fonseca. Ele esclareceu que há outro programa que vai apoiar as famílias com questões de armazenamento de água, irrigação, hortas e pomares. Expôs o papel orientativo e de apoio para o planejamento do pequeno agricultor que a Emater oportuniza, com foco na questão da inclusão social e produtiva. “É isso que a gente tem orgulho de apresentar aqui” salientou.  

   A agricultora Laurete apontou os avanços conquistados pelos agricultores. “Estou aqui para representar a minha horta, que eu cuido muito bem. Inclusive, hoje, nem com as formigas me preocupo. Elas não aparecem mais”.

Compra pelo PAA

   O segundo relato tratou sobre a iniciativa do Grupo Hospitalar Conceição, com a compra de alimentos produzidos pela agricultura familiar no Rio Grande do Sul, por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), 

   O Nutricionista Artur Antônio Munch, CRN-2 2668, é Coordenador do Apoio Técnico da Gerência de Administração do Hospital Nossa Senhora Conceição - GHC/MS. Ele apresentou a realidada do GHC em que os quatro hospitais - Conceição, Criança Conceição, Cristo Redentor e Fêmina, são responsáveis por 35% de todas as internações pelo SUS, e quase 16% de todos os atendimentos ambulatoriais em hospitais pelo SUS na capital. Ele reforçou que a Agenda Estratégica 2011-2014, do GHC, inclui a inserção do Grupo ao Plano Brasil Sem Miséria, com destaque ao fortalecimento da inclusão no campo; estímulo ao agronegócio, ao agrocooperativismo, e à produção agroecológica. Lembrou que 70% da produção de alimentos do país vem das propriedades familiares.

   Artur relatou como foi o processo da chamada pública para a aquisição dos alimentos, iniciada em janeiro de 2013. Também mencionou que no Compromisso do GHC com o programa consta a ampliação progressiva da compra pela PAA, divulgação do processo, e promoção de atividades que incentivem o PAA. Em janeiro de 2014, o volume contratado para consumo em seis meses foi de R$ 486.928,86. São três cooperativas que atendem o GHC. Esta aquisição beneficiará 60 famílias de produtores rurais cooperativados, evidenciou o nutricionista.

TRF insere orgânicos no restaurante

   O terceiro relato apresentou a atitude diferenciada do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, ao inserir, na licitação para o uso do seu restaurante, a obrigação de utilizar alimentos orgânicos no cardápio. A servidora do TRF4, Sabrina Fricke Duarte, do Setor de Ações Socioambientais (SETASA), explicou que a preocupação da administração com a saúde dos servidores e com compras sustentáveis resultou na ideia de incluir os alimentos orgânicos no restaurante do TRF4. Sabrina informou que com a proximidade da licitação, em março de 2014, o TRF deu início à inserção dos orgânicos. A obrigação é de que o restaurante sirva diariamente três tipos de salada, dois de guarnição e uma fruta, todos orgânicos.

  A nutricionista Márcia Regina Cupertino Barão, CRN-2 3828, responsável técnica na unidade do TRF 4ª Região, definiu produtos orgânicos e elencou os pontos positivos e as dificuldades de manejo com orgânicos. Alimentos ricos em nutrientes, sem pesticidas, fertilizantes, agrotóxicos ou conservantes, com sabor natural e melhor para saúde são os benefícios apresentados pelos orgânicos, segundo a nutricionista. Márcia relacionou alguns obstáculos como a apresentação do produto (comensais não aceitam a variação da cor, do formato e do tamanho do produto), a sazonalidade e o custo ainda mais alto. “Para demonstrar as qualidades destes alimentos, fazemos um trabalho de educação, informando aos comensais o que é um alimento orgânico, seus benefícios e a importância que representam socialmente”. A nutricionista mencionou que, inclusive, o restaurante disponibilizou a Revista do CRN-2, com matéria especial sobre alimentação orgânica.  

   A última mesa, coordenada pela vice-presidente Ivete Dornellesreuniu todos os apresentadores dos relatos para um debate com o público.


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