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Agrotóxicos extinguem colmeias em Goiás


Data de Publicação: 5 de fevereiro de 2013
Crédito da Matéria: Assessoria imprensa - CRN-2
Fonte: CFN


Representantes dos apicultores goianos denunciam uso excessivo de materiais tóxicos que contaminam abelhas.

O uso indiscriminado de agrotóxicos é apontado como responsável pela extinção completa das colmeias em praticamente toda a região da Estrada de Ferro. O grito de socorro é dado pelo coordenador de fomento da apicultura da Agência Goiana de Assistência Técnica, Extensão Rural e Pesquisa Agropecuária (Emater), José Araújo de Oliveira.  A presidenta da Associação dos Apicultores de Goiás, professora Maria José de Oliveira de Faria Almeida, reforça o apelo do extensionista da Emater e observa que "os danos contra as colméias de abelhas ocorrem em todo o Estado". Ela reconhece, no entanto, que a situação "é mais dramática com a apicultura dos municípios de Silvânia, Bela Vista, Vianópolis e Cristianópolis".

Maria José atribuiu o agravamento da situação à monocultura da lavoura em diferentes regiões do Estado - no caso a soja. Pela incidência de pragas e doenças nos sojais, o agricultor tende a usar os defensivos agrícolas. Com essa atitude as colmeias são atingidas e os apicultores sofrem prejuízos irreparáveis. Em sua opinião, é difícil para o apicultor provar que o uso indevido do agrotóxico prejudicou de fato a criação de abelhas. 

Em muitas situações, o produtor cedeu suas terras para os apicultores instalarem suas colmeias. "Em situação assim fica difícil para o apicultor recorrer à Justiça por reparos financeiros, porque ele não quer se indispor com ninguém". A presidenta da Associação dos Apicultores de Goiás vê como necessária a participação do Estado, através da Secretaria do Meio Ambiente, no processo de orientação dos produtores sobre a questão do uso incorreto ou abusivo dos agrotóxicos.  Maria José Almeida observa também que a abelha é vital no processo de polinização das plantações, inclusive de soja. "É interessante, assim, que se chegue a um consenso entre sojicultores e apicultores", pondera a professora, cujo marido, José Maria, é apicultor e tem suas preocupações com o criatório, uma fonte alternativa de renda em seu dia a dia. José Araújo de Oliveira tem uma opinião interessante a respeito. Segundo ele, "se de um lado, o homem avança no rendimento cultural e na minimização dos prejuízos, ao mesmo tempo compromete sua própria safra, pelo uso indevido de pesticidas". José Araújo está convencido como técnico que "esse procedimento contribui para eliminar organismos benéficos que atuam no controle biológico de certas pragas, de composição de matéria orgânica e a própria polinização". Seguindo orientação científica a respeito da apicultura e agrotóxicos, o extensionista da Emater observa que as abelhas, como insetos sociais e de fácil manuseio, "prestam relevantes serviço de polinização cruzada às culturas, principalmente quando as condições ecológicas foram totalmente destruídas pela implantação agrícola". Em sua opinião, há um consenso mundial em apontar as abelhas na atualidade como o principal agente polinizador das culturas agrícolas, entre outras destinadas à produção de alimentos.

Respaldo da Emater

A criação de abelhas em Goiás tem o respaldo da Emater. Hoje, o Estado dispõe de mil apicultores que apresentam uma produção de 315 toneladas. Os números são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A instituição menciona em seus dados que o Brasil conta com 350 mil produtores, que cultivam 2.500 mil colmeias, de onde provém uma produção de 50 mil toneladas de mel. Segundo José Araújo de Oliveira, responsável pela coordenação de fomento da apicultura da Emater, "a produção tende a crescer mais com os trabalhos desenvolvidos pela Extensão Rural no Estado". Atualmente, os goianos ocupam a 17ª posição no ranking brasileiro, o que atribui à diversificação agropecuária goiana, o "que não ocorre noutros Estados", em sua opinião. Rio Grande do Sul é o líder na produção de mel de abelha com 7.097 toneladas. Paraná desponta em segundo, com 5.468 toneladas. As regiões maiores regiões produtoras goianas se localizam na Estrada de Ferro, Planalto, Rio Vermelho, Sudoeste, através dos municípios de Rio Verde e Jataí. A Apis Mellifera é a variedade mais posta em prática em Goiás. O trabalho da Emater consiste em mostrar as variedades mais adaptáveis ao Estado, onde sobressai a abelha africanizada. "Ocorreram cruzamentos entre a abelha europa e a africana, muito agressiva", observa. A cadeia produtiva do mel é o foco básico da agência.

Na região norte do Estado a apicultura passou a ser posta em prática a partir de 1987, através da Emater. Foram instaladas, então, cinco unidades demonstrativas em cinco comunidades de Porangatu. Banco do Brasil deu suporte financeiro à atividade apícola, resultando inclusive na criação da Associação dos Produtores da Região Norte de Goiás, na criação da Cooperativa dos Apicultores do Norte Goiano e também de Santa Terezinha de Goiás. Hoje, são mais de cem apicultores, 3.200 colméias e uma produção superior a 50 mil toneladas de mel silvestre. Boa parte dessa produção é destinada à merenda escolar, numa aquisição feita pela Conab. Outra parte é consumida pelo comércio regional ou comercializada para outras cidades do Estado e também de fora. Em Goiânia, é comum encontrar o litro de mel silvestre a R$20/R$25. A colmeia proporciona benefícios como mel, cera, geleia real, própolis, pólen, entre outros aspectos econômicos.   O mel é reconhecido como um alimento de alta qualidade e que contribui para a saúde das pessoas. É um produto rico em minerais e vitaminas e de fácil digestão. O alimento fornece energia e reforça a resistência das pessoas contra muitas doenças.


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