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Hipertensão Arterial Sistêmica e Nutrição


Data de Publicação: 16 de maio de 2021
Crédito da Matéria: Magali Kumbier – CRN-2 3001


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A Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS) é a doença crônica mais prevalente em todo o mundo, afetando aproximadamente um terço da população adulta, sendo um dos mais importantes fatores de risco cardiovasculares. Apesar de termos medicamentos eficientes e com poucos efeitos adversos, o controle dessa condição em todo o mundo ainda deixa muito a desejar, pois estamos lidando com uma doença absolutamente assintomática, fato que dificulta muito a adesão a cuidados1.

   Segundo a 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão, é considerado hipertensão valores de pressão arterial sistólica (PAS) e pressão arterial diastólica (PAD) igual ou acima de 140 por 90 mmHg. A gênese da HAS primária é multifatorial, com influências genéticas e do meio ambiente. Entretanto o meio ambiente apresenta um importante papel para o seu desenvolvimento2.

   Diretrizes nacionais e internacionais preconizam que todos os pacientes com HAS devem reduzir o consumo de sódio e manter adequado consumo de frutas frescas, hortaliças e produtos lácteos com baixo teor de gordura3. Além disso, tais documentos enfatizam a importância da manutenção do peso corpóreo e da medida da cintura dentro da normalidade4.

   Muitos padrões dietéticos têm sido propostos para a prevenção e controle da HAS, assim como para a manutenção da saúde cardiovascular e global. Entre os modelos dietéticos propostos, com diferentes graus de evidência e efetividade, para a prevenção e o controle da HAS destacam-se a dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension), a de baixo teor de gordura, a hiperprotéica, a de baixo teor de carboidratos, a moderada em carboidratos, a de baixo índice glicêmico/baixa carga glicêmica, a de baixo teor de sódio, a vegetariana/vegana, a mediterrânea, a paleolítica, a nórdica e a tibetana 5.

   Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), as principais recomendações não medicamentosas para prevenção primária da HAS são: redução de peso (se necessário), alimentação saudável, consumo controlado de sódio e álcool, ingestão de potássio, combate ao sedentarismo e ao tabagismo 1

    A HAS pode ser prevenida ou postergada por meio de mudanças no estilo de vida. Hábitos saudáveis devem ser adotados desde a infância e a adolescência, respeitando-se as características regionais, culturais, sociais e econômicas dos indivíduos 6.

   O excesso de peso é reconhecidamente um fator relacionado à elevação da PA (Pressão Arterial), e quanto maior o IMC (Índice de Massa Corporal), maior o risco de HAS7. A obesidade central e o ganho de peso ao longo do tempo, também têm se destacado como importantes fatores para o aumento da pressão arterial 8.

   Há evidências de uma relação causal entre a ingestão de sódio e o aumento da PA. O consumo excessivo de sódio (> 5 g de sódio por dia) mostrou ter efeito de aumento pressórico e está associado a uma maior prevalência de HA sistólica com o avançar da idade9. Estima-se que em populações ocidentais, como a brasileira, a ingestão habitual de sódio esteja entre 3,5 a 5,5 g/dia (o que corresponde a 9 a 12 g de sal por dia), com diferenças marcantes entre países e até mesmo entre regiões 10.

   É recomendado que a ingestão de sódio seja limitada a aproximadamente 2,0 g/dia (equivalente a aproximadamente 5,0 g de sal por dia) na população em geral, mas principalmente nos hipertensos.

   A redução eficaz do sal não é fácil e as recomendações devem ser dadas visando o cuidado com a quantidade de sal adicionado e com os alimentos com alto teor de sal (produtos e processados). Uma redução no consumo de sal na população continua sendo uma prioridade de saúde pública, mas requer um esforço combinado entre a indústria de alimentos, governos e o público em geral, já que 80% do consumo de sal envolve sal contido nos alimentos processados 2.

   A Atualização da Diretriz de Prevenção Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2019, enfatiza os "10 passos para uma alimentação saudável” do Guia Alimentar para a população brasileira 11

1. Priorize alimentos in natura ou minimamente processados;

2. Utilize óleo, sal e açúcar com moderação;

3. Limite o consumo de alimentos processados;

4. Evite o consumo de alimentos ultraprocessados;

5. Coma com regularidade e atenção;

6. Compre alimentos na feira;

7. Cozinhe;

8. Planeje as compras e o preparo das refeições;

9. Evite fast food;

10. Seja crítico com a publicidade de alimentos.


Magali é Doutora em Endocrinologia Clínica, Metabolismo e Nutrição pela UFRGS.

Coordenadora da COTENUT - Consultoria em Terapia e Reabilitação Nutricional.

 

 

 

 

 

 

 


Referências:

 

1. Précoma DB, Oliveira GMM, Simão AF, Dutra OP, Coelho OR, Izar MCO, et al. Atualização da Diretriz de Prevenção Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2019. Arq Bras Cardiol. 2019; 113(4):787-891

2.Malachias MVB, Souza WKSB, Plavnik FL, Rodrigues CIS, Brandão AA, Neves MFT, et al. 7ª Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial. Arq Bras Cardiol 2016; 107(3Supl.3):1-83

3.Whelton PK, Carey RM, Aronow WS, Casey DE Jr, Collins KJ, Dennison Himmelfarb C, et al. 2017 ACC/AHA/AAPA/ABC/ACPM/AGS/APhA/ASH/ ASPC/NMA/PCNA Guideline for the Prevention, Detection, Evaluation, and Management of High Blood Pressure in Adults: Executive Summary: A Report of the American College of Cardiology/American Heart Association Task Force on Clinical Practice Guidelines. Hypertension. 2018;71(6):1269-1324.

4.Williams B, Mancia G, Spiering W, Agabiti Rosei E, Azizi M, Burnier M, et al. 2018 ESC/ESH Guidelines for the management of arterial hypertension: The Task Force for the management of arterial hypertension of the European Society of Cardiology and the European Society of Hypertension: The Task Force for the management of arterial hypertension of the European Society of Cardiology and the European Society of Hypertension. J Hypertens. 2018;36(10):1953-2041.

5.Schwingshackl L, Chaimani A, Schwedhelm C, Toledo E, Pünsch M, Hoffmann G, et al. Comparative effects of different dietary approaches on blood pressure in hypertensive and pre-hypertensive patients: A systematic review and network meta-analysis. Crit Rev Food Sci Nutr. 2018 May 2:1-14

6.Arnett DK, Blumenthal RS, Albert MA, Buroker AB, Goldberger ZD, Hahn EJ, et al. 2019 ACC/AHA Guideline on the Primary Prevention of Cardiovascular Disease. Circulation. 2019 Mar 17:0000000000000677. [Epub ahead of print]

7.Appel LJ, Brands MW, Daniels SR, Karanja N, Elmer PJ, Sacks FM, et al. Dietary approaches to prevent and treat hypertension: a scientific statement from the American Heart Association. Hypertension. 2006;47(2):296-308.

8.Forman JP, Stampfer MJ, Curhan GC. Diet and lifestyle risk factors associated with incident hypertension in women. JAMA. 2009;302(4):401-11.

9.Stamler J. The INTERSALT Study: background, methods, findings, and implications. Am J Clin Nutr. 1997;65(2 Suppl):626S-42.

10.Oliveira GMM, Mendes M, Malachias MVB, Morais J, Moreira O Filho, Coelho AS, et al. 2017 Guidelines for Arterial Hypertension Management in Primary Health Care in Portuguese Language Countries. Arq Bras Cardiol. 2017;109(5):389-96.

11.Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed., 1. reimpr. – Brasília : Ministério da Saúde, 2014.


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