O papel do nutricionista na promoção da amamentação
Data de Publicação: 1 de agosto de 2024
Crédito da Matéria: Assessoria de Comunicação CRN-2
Fotos: Assessoria de Comunicação CRN-2
Fonte: Ana Carolina Terrazzan (CRN-2 8330)
O Agosto Dourado é o mês dedicado à conscientização sobre a importância do aleitamento humano. O leite materno é considerado o "padrão ouro" por várias razões, devido às suas características nutricionais e imunológicas. Ele contém todos os nutrientes essenciais necessários para o crescimento e desenvolvimento saudável do bebê nos primeiros meses de vida. E segue sendo fonte de nutrição durante todo o período de lactação. Além disso, os componentes do leite materno estão em proporções ideais, o que facilita a digestão e a absorção pelo organismo do bebê.
O leite materno é rico em anticorpos, especialmente imunoglobulina, que protegem o bebê contra infecções respiratórias e gastrointestinais. E ainda, contém ácidos graxos c poliinsaturados (ômegas) que são cruciais para o desenvolvimento do cérebro e da visão. Esses fatores combinados fazem do leite materno a escolha preferida e recomendada por organizações de saúde em todo o mundo, como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a UNICEF, que incentivam a amamentação exclusiva até os seis meses de idade e sua continuidade, junto com alimentos complementares, até pelo menos dois anos ou mais.
Os Benefícios da Amamentação
Os benefícios da amamentação são diversos, tanto para a mãe quanto para o bebê. O ato de amamentar é considerado favorável para a formação do vínculo mãe-bebê e estímulo para a formação do sistema neurológico da criança recém nascida. Além disso, alguns estudos apontam que amamentar também é um fator de proteção contra a depressão pós-parto, favorecendo o bem-estar psicológico da mãe, regulando os padrões de sono e vigília, e aumentando a autoeficácia.
O leite materno é um alimento completo, além de ser uma fonte de fatores imunológicos para o bebê. Estudos mais recentes também validam os benefícios do leite materno para a formação e manutenção da microbiota e organização do ritmo circadiano do bebê.
O apoio, incentivo e proteção à amamentação são compromissos de todos os profissionais da área da saúde, especialmente do nutricionista, que em todas as áreas de atuação tem a oportunidade de exercer o papel de incentivador da amamentação, com empatia e sem julgamento.
Como o nutricionista pode incentivar a amamentação?
Para profissionais que atuam na área clínica materna e infantil, a abordagem sobre aleitamento deve fazer parte da rotina de consultas, desde o período pré-concepção, onde o nutricionista poderá informar a paciente sobre os benefícios do aleitamento materno.
Durante o pré-natal nutricional, é importante conhecer a história da gestante em relação à amamentação, saber do desejo de amamentar, além de orientar as pacientes a procurarem consultoria de amamentação ainda no pré-natal, para poder então alinhar expectativas e se informar sobre as melhores formas de se preparar para o início da amamentação.
Após o nascimento do bebê, durante as consultas de nutrição da lactante, é sempre válido entender como a amamentação está fluindo e, a qualquer relato que chame a atenção para dificuldades no estabelecimento da amamentação, sugerir que a puérpera procure consultoras de amamentação para avaliação.
O nutricionista escolar será um dos principais incentivadores para a manutenção da amamentação após o término da licença maternidade, favorecendo para que as lactantes possam manter a oferta do leite materno no ambiente escolar.
O nutricionista clínico que presta atendimento para bebês e crianças, em todas as suas consultas, poderá abordar temas relacionados à amamentação e também ao desmame, quando este for do desejo da lactante.
Alimentação da Lactante
Muito se fala sobre a importância da alimentação variada e nutritiva durante a gestação, porém, ainda temos muitos mitos que permeiam a alimentação da lactante.
De fato, a alimentação durante o período de lactação também deve ser variada. Somente devemos orientar restrições em caso de real necessidade, seja da mãe (alergias, intolerâncias ou preferências alimentares) ou do bebê (alergias alimentares). É importante lembrar que dietas restritivas devem sempre ser avaliadas e acompanhadas por um profissional, pois qualquer grupo alimentar que seja excluído da alimentação deverá ser substituído adequadamente. Além disso, sempre que houver a necessidade, a lactante poderá ser orientada a realizar suplementação.
De maneira geral, a lactante pode seguir os preceitos da alimentação sugerida no Guia Alimentar da População Brasileira, mantendo o consumo prioritário de alimentos in natura ou minimamente processados, e seguindo a cultura alimentar da sua família/região. Não há alimentos proibidos, mas, sim, equilíbrio é necessário.
O consumo de água e outros líquidos deve ser frequente para garantir a hidratação da lactante, que pode ser um dos fatores favoráveis para a manutenção da produção de leite. Não é tomar água que faz produzir leite, mas manter-se hidratada é favorável! Diferente da gestação, temos também algumas ervas/chás que são compatíveis com a amamentação, como funcho, erva-doce, camomila e melissa, e podem estar na rotina da lactante.
Vale ressaltar que não há indicação de nenhum alimento específico como sendo responsável por estimular a produção de leite materno. A alimentação adequada da lactante deve ser estimulada para que as reservas maternas sejam mantidas. Qualquer deficiência nutricional identificada na alimentação da lactante deve ser revista, ajustada e, se necessário, iniciada a suplementação para garantir o melhor da saúde materna.
E para as puérperas que não amamentam? A alimentação adequada continua sendo importante! A manutenção da saúde da mulher é fundamental, independente da lactação.
*Ana Carolina Terrazzan é nutricionista (CRN-2 8330), especialista em Nutrição Materno-Infantil, mestra e doutora em Saúde da Criança e do Adolescente. Consultora em amamentação da AGACAM – Associação Gaúcha de Consultoras em Aleitamento Materno.