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Dia Mundial do Câncer: a Nutrição como uma aliada no tratamento oncológico


Data de Publicação: 4 de fevereiro de 2025
Crédito da Matéria: Assessoria de Comunicação CRN-2
Fotos: Assessoria de Comunicação CRN-2
Fonte: Amanda Spat (CRN-2 18211)


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No Dia Mundial do Câncer, reforçamos a importância da nutrição no tratamento e na qualidade de vida dos pacientes oncológicos. Uma alimentação adequada pode minimizar efeitos colaterais, fortalecer o sistema imunológico e prevenir complicações como a desnutrição e a perda de massa muscular. Conversamos com a nutricionista Amanda Spat* (CRN-2 18211), que destacou a importância alimentação adequada durante o tratamento oncológico, esclarecendo dúvidas sobre perda e ganho de peso, dietas restritivas, nutrientes essenciais para o sistema imunológico e alimentos que devem ser evitados. 

Como lidar com a perda de peso em pacientes com câncer? E com o ganho de peso?

A perda de peso é muito comum em pacientes oncológicos, especialmente em idosos e naqueles pacientes que enfrentam uma série de efeitos colaterais, como a perda do apetite, náuseas, vômitos, fadiga e alterações no paladar. Para lidar com isso, algumas estratégias, como fracionar as refeições ao longo do dia e, se necessário, usar suplementos alimentares, ajudam a garantir um aporte calórico-proteico adequado. O principal objetivo para esses pacientes, é evitar déficits nutricionais, reduzir a perda de massa muscular e minimizar os efeitos colaterais do tratamento, prevenindo a desnutrição e complicações. 

O ganho de peso em pacientes oncológicos pode ocorrer antes do diagnóstico, devido a um estilo de vida sedentário, ao uso de medicamentos ou por mudanças no metabolismo durante o tratamento. Para controlar esse ganho, é importante priorizar uma alimentação equilibrada em nutrientes, com porções adequadas visando a manutenção do peso, além de incentivar a prática de atividades físicas conforme a capacidade e tolerância do paciente. 

Em ambos os casos, o acompanhamento de um nutricionista oncológico especializado é fundamental para ajustar a dieta conforme as necessidades de cada paciente, manter o peso adequado e garantir um bom estado nutricional, promovendo melhor qualidade de vida e resposta ao tratamento, além de prevenir complicações.

Pacientes com câncer podem seguir dietas restritivas?

Jamais. As diretrizes como a da Sociedade Europeia de Nutrição Clínica e Metabolismo (ESPEN), por exemplo, reforçam que os pacientes oncológicos, precisam receber um aporte calórico-proteico e de nutrientes adequados para fortalecer o sistema imunológico, minimizar os efeitos colaterais do tratamento e evitar a perda de peso excessiva, que pode resultar perda muscular excessiva, causando complicações como a caquexia e a sarcopenia. 

Nesses pacientes, uma dieta restritiva, além de reduzir o peso do paciente e a massa muscular, pode levar a deficiências nutricionais e piora na qualidade de vida durante o tratamento. Por isso, o paciente oncológico deve sempre adotar uma alimentação saudável, rica em nutrientes, baixa em alimentos ultraprocessados e, de preferência, que essa alimentação seja orientada e personalizada por um nutricionista oncológico especializado que saberá fazer o planejamento alimentar desses indivíduos conforme o tipo de câncer, as fases do tratamento e a necessidades nutricionais específicas de cada paciente. 

Quais nutrientes são mais importantes para o sistema imunológico durante o tratamento oncológico?

Você já deve ter ouvido falar que pratos coloridos são os mais nutritivos, não é mesmo? No tratamento oncológico não é diferente, mas alguns nutrientes se tornam ainda mais importantes quando falamos de imunidade. A vitamina C, por exemplo, estimula a produção de células brancas do sangue, importantes para combater infecções e é encontrada na laranja, bergamota, morango, acerola e mamão; A vitamina E, que possui ação antioxidante, anti-inflamatória e de proteção e regeneração celular, dando suporte na recuperação do corpo durante tratamentos como a quimioterapia e a radioterapia, podendo ser encontrada em amêndoas, sementes de girassol e no abacate; A Vitamina D, que estimula a produção e a atividade das células de defesa do organismo, como linfócitos T e macrófagos e auxilia no equilíbrio das respostas imunológicas do organismo, prevenindo reações metabólicas que possam causar inflamação crônica ou autoimune. Boas fontes de vitamina D são: sardinha, atum, salmão, arenque e bacalhau. 

É muito importante lembrar de manter o consumo adequado de carboidratos de boa qualidade e proteínas de alto valor biológico. Carboidratos como arroz integral, batata-doce e aveia fornecem energia de forma constante e ajudam no fortalecimento do sistema imunológico. As proteínas de alto valor biológico, presentes em alimentos como ovos, frango e peixe, são fundamentais para a regeneração e manutenção dos tecidos, além de contribuírem diretamente para a produção de anticorpos e células de defesa. Esses nutrientes também são fundamentais, especialmente em fases de tratamento e recuperação, e por isso enfatizo mais uma vez, somente um nutricionista oncológico especializado poderá ajustar a alimentação desses pacientes de maneira técnica e assertiva.

Qual o caminho para um profissional se especializar na nutrição oncológica? O que ele precisa para trabalhar na área?

O nutricionista precisa ter habilidades de escuta e acolhimento, interesse em estudar, buscar e aprender de forma contínua, fazer uma especialização de qualidade como uma pós-graduação, buscar um título de certificação, participar de programas de capacitação que permitam obter experiência prática na área oncológica, desenvolver a habilidade de trabalhar em equipes multidisciplinares, participar de eventos, workshops e congressos da área que atualizem e valorizem o profissional da nutrição nas equipes de cuidados aos pacientes oncológicos. 

Com certeza, o primeiro passo para trabalhar com oncologia é ter paixão pela área e se identificar com as demandas que a oncologia exige da nossa profissão e do nosso perfil profissional. Além disso, é fundamental ter amor por cuidar, acolher e ajudar. O paciente oncológico, muitas vezes, não imagina o quanto a nutrição especializada pode ser uma grande aliada, tanto durante as fases do tratamento quanto no pós-tratamento. 

Que alimentos podem ser evitados para não prejudicar o tratamento oncológico?

Durante o tratamento oncológico é imprescindível que o paciente tome alguns cuidados com a alimentação para não prejudicar o tratamento. Aqui estão alguns exemplos de alimentos e o porquê de evitá-los:

  • Evitar alimentos ultraprocessados e ricos em açúcares refinados: alimentos, como refrigerantes, doces industrializados, biscoitos recheados e fast food, podem contribuir para inflamação no organismo e enfraquecer o sistema imunológico, além do risco de promover ganho de peso excessivo, que pode afetar a saúde dos pacientes de forma geral durante o tratamento.
  • Evitar carnes processadas, embutidos e produtos coloniais: produtos como salsichas, presuntos, bacon e salames contêm conservantes e substâncias como nitratos e nitritos, que podem prejudicar a função imunológica, aumentando o risco de infecções e complicações. Queijos coloniais não pasteurizados podem conter coliformes fecais, Listeria monocytogenes, salmonella e outros microorganismos patogênicos que colocam em risco a saúde do paciente. Além disso, esses alimentos são mais difíceis de digerir e podem gerar desconfortos gastrointestinais, um fator importante a ser evitado durante o tratamento oncológico.
  • Evitar alimentos ricos em gordura saturada e trans: Frituras, salgadinhos e fast food podem conter teor de gorduras prejudiciais, que não só impactam a saúde cardiovascular, mas também têm um efeito negativo sobre o sistema imunológico e podem reduzir a eficácia do tratamento e aumentar a incidência de náuseas e desconfortos gástricos.
  • Evitar alimentos crus, sem higienização correta ou mal cozidos: evitar alimentos como carnes mal passadas, ovos com gema mole, frutas e saladas cruas sem higienização correta e frutos do mar. Esses alimentos podem conter patógenos e bactérias que colocam em risco a saúde do paciente.
  • Evitar o consumo de cafeína em excesso: evitar o consumo da cafeína principalmente próximo das refeições, previne a má absorção de nutrientes. Cuidar o consumo também previne distúrbios no sono, reduz o risco de ansiedade e reduz o risco de desidratação, visto que a cafeína tem efeito diurético no organismo. 
  • Evitar o consumo de bebidas alcoólicas: a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou no ano de 2022 que, “nenhum nível de consumo de álcool é seguro para a nossa saúde". Inclusive, na mesma publicação, a OMS traz que o álcool causa pelo menos sete tipos de câncer, incluindo os tipos mais comuns de câncer, como câncer de intestino e câncer de mama feminino.” Então além de trazer riscos à saúde do paciente oncológico, o álcool poderá interferir negativamente na eficácia do tratamento. 

Alguns links e materiais para pacientes e sua rede de apoio:

*Amanda Spat (CRN-2 18211) é nutricionista graduada pela Universidade Franciscana de Santa Maria–RS. Pós-graduanda em Nutrição Clínica e Hospitalar com Ênfase em Oncologia pela Faculdade Moinhos de Vento de Porto Alegre–RS e ex-aluna do Curso de Capacitação e Aperfeiçoamento Profissional (PICCAP) do Hospital de Clínicas de Porto Alegre–RS na área Oncológica. 


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