Free cookie consent management tool by TermsFeed

Notícias

“Não são nem chamados de alimentos": por que diminuir o consumo de ultraprocessados por crianças


Data de Publicação: 17 de fevereiro de 2025
Crédito da Matéria: Zero Hora
Fotos: Assessoria de Comunicação CRN-2
Fonte: Zero Hora


nao-sao-nem-chamados-de-alimentos-por-que-diminuir-o-consumo-de-ultraprocessados-por-criancas

Ao acordar, um achocolatado de caixinha. No almoço, macarrão instantâneo. De lanche: iogurte saborizado e barrinha de cereal. À noite, pizza congelada. É um cardápio prático, rápido e muito perigoso para a saúde, em especial quando se torna a rotina de crianças.

governo federal anunciou, na última semana, a redução de 20% para 15% no limite de alimentos processados e ultraprocessados nas merendas das escolas públicas. A meta é chegar a 10% até 2026. Especialistas ouvidos por Zero Hora defendem a necessidade de diminuir cada vez mais o consumo desse tipo de produto, associado ao maior risco de obesidade, diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares.

O Conselho Federal de Nutrição (CFN) considera a medida um avanço significativo. Ana Luiza Sander Scarparo, nutricionista conselheira do CFN e representante do Rio Grande do Sul no órgão, esclarece que o Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), onde haverá a redução, é voltado para escolas públicas e exige que elas tenham um nutricionista vinculado ao conselho, que se responsabiliza pelo que é oferecido às crianças. Nas particulares dependerá da instituição. Mas o RS conta com legislação própria sobre o tema.

— A preocupação com os ultraprocessados já vem há bastante tempo. Nosso Estado tem muitos pontos positivos nesse tema. Há legislação para as escolas infantis e também sobre o que é comercializado nas instituições de Ensino Fundamental e Médio — detalha Ana Luiza.

Consumir ultraprocessados é ruim em qualquer fase da vida, mas, na infância, os impactos são mais representativos. É quando o indivíduo desenvolve o paladar e começa a formar hábitos alimentares. Se essa construção tem uma base errada, a saúde fica comprometida ao longo da vida.

"Na adolescência, quando a criança começa a ter mais independência de escolha, ela vai olhar e pensar o que irá consumir de acordo com o que ela foi ensinada" - MARINA ZANETTE PEUCKERT, Nutricionista assistencial da Santa Casa de Porto Alegre, especialista em nutrição materna e infantil,  mestre e doutoranda em pediatria e saúde da criança

Conforme o Guia alimentar para crianças abaixo de dois anos, até esta faixa etária não deve ocorrer oferta de ultraprocessados. Após essa idade, não há uma quantidade de consumo considerada segura, sendo indicado evitar o máximo possível.

Especialistas destacam que existe grande diferença entre os processados e os ultraprocessados. Um exemplo da diferença é explicado pela nutricionista Rafaela Festugatto Tartari, professora do Mestrado Profissional em Alimentos, Nutrição e Saúde da Unisinos: o pão. Os feitos com farinha, água, sal e fermento, como o pão francês, são processados, porque os ingredientes passam por um processo de fabricação, mas não se tornam ultraprocessados já que não têm aditivos.

— Os ultraprocessados são considerados piores porque contêm muitos aditivos químicos, como corantes, conservantes, aromatizantes, e gorduras, sal e açúcares em excesso, que alteram a composição natural dos alimentos. Isso os torna altamente calóricos, pobres em fibras e nutrientes, além de favorecerem o consumo exagerado devido ao sabor artificialmente estimulante — diz Rafaela.

— Os ultraprocessados por vezes não são nem chamados de alimentos, são produtos alimentícios, de tão modificados que acabam sendo — concorda Marina.

tempo de validade e os ingredientes citados no rótulo são fatores que costumam ser importantes na hora de diferenciar os alimentos. 

—  O pão francês estraga muito rápido. E a gente poderia replicar em casa, diferente desses ultraprocessados que não se consegue nem identificar os ingredientes — diz Marina, salientando que há no mercado os mais variados pães de forma, dos com menos ingredientes até os cheios de aditivos.

A profissional destaca que produtos aparentemente parecidos, diferem muito.

"Um molho de tomate pode ser tomate e cebola, natural. Ele também pode ser um extrato que recebeu elementos como sal na indústria, sendo processado. Mas se conter uma série de aditivos químicos se transforma num ultraprocessado" - ANA LUIZA SANDER SCARPARO, nutricionista conselheira do CFN e representante do Rio Grande do Sul no órgão

Alguns alimentos parecem saudáveis e, ao olhar os ingredientes, você descobre que são cheios de aditivos químicos. Da mesma forma, outros tem “cara de ultraprocessado” de tão práticos que são para a rotina alimentar e são considerados saudáveis.

Rafaela cita como exemplo atum ou sardinha em lata. Conservados em água ou óleo, com baixo teor de sódio, são considerados processados e podem se transformar numa refeição tão rápida quanto a ultraprocessada salsicha. Já legumes congelados ou pré-cozidos passam apenas por processos de limpeza e congelamento, preservando seus nutrientes.

Já Barrinhas de cereal, biscoitos,  iogurtes saborizados, suco de caixinha ou néctar de frutas comumente na lista dos que só parecem saudáveis.

—  Esses alimentos são considerados ultraprocessados porque, apesar da aparência, sofrem modificações que alteram seu valor nutricional e incluem aditivos que não são usados em preparações caseira — detalha Rafaela.

O que levar na lancheira

No caso da merenda feita nas escolas, a presença de nutricionistas é essencial para garantir a qualidade das refeições. Mas, na hora de montar a lancheira, são os pais que precisam fazer boas escolhas. Além de considerar os ingredientes, é preciso pensar na atratividade à criança e no armazenamento até o consumo.

Veja algumas opções:

  • Frutas
  • Bolos caseiros
  • Sanduíches com pão e queijo naturais
  • Barrinha de cereal sem aditivos
  • Salgadinhos assados e só com ingredientes naturais


topo