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14 DE NOVEMBRO – DIA MUNDIAL DO DIABETES


Data de Publicação: 14 de novembro de 2020
Crédito da Matéria: Cristina Pavinatto – CRN-2: 11893


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    O alerta mundial para a prevenção do Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) vem sendo reforçado anualmente devido ao aumento da prevalência da doença nas últimas décadas. Atualmente, estima-se que 1 em cada 11 adultos (20-79 anos) tenha o diagnóstico de DM (463 milhões de pessoas). Se esses números persistirem, aumentando a previsão, 578 milhões de pessoas terão DM2 em 2030 e 700 milhões até 2045 (1).

   Embora a genética apresente um papel importante na ocorrência do DM2, um estilo de vida caracterizado pelo consumo exagerado de alimentos ultraprocessados e sedentarismo, ambos associados a sobrepeso e obesidade, contribuem para o surgimento da doença (2, 3).

   Por ser uma doença crônica que pode ser evitada através de mudanças no estilo de vida, evidências vêm demonstrando que intervenções intensivas na perda de peso e atividade física podem contribuir na prevenção e retardar o desenvolvimento do DM2, como foi demonstrado no Diabetes Prevention Program (DPP), atualmente o maior ensaio clínico randomizado realizado para a prevenção de DM2. Neste estudo, foi demonstrado que intervenções intensivas no estilo de vida (7% de perda de peso e 150 minutos de atividade física por semana) reduziram 58% o risco para DM2, enquanto que o uso da metformina reduziu 31% em comparação ao grupo controle. A perda de peso foi primordial na redução da incidência do DM2.Para cada quilograma de peso perdido, houve uma redução de 16% do risco para DM2.Entre os participantes que não atingiram a meta de perda de peso, aqueles que atingiram a meta de atividade física tiveram uma redução de 44% na incidência de DM2 (4, 5).

   Padrões alimentares também vêm sendo bastante estudados com o objetivo de prevenção e tratamento do Diabetes Mellitus tipo 2. Evidências demonstram que o DM2 e suas complicações podem ser prevenidos ou retardados em indivíduos de alto risco por meio da ingestão de alimentos que podem ser considerados funcionais, contribuindo no controle glicêmico, da pressão arterial, ativação de enzimas antioxidantes, microbiota intestinal e suprimir a produção excessiva de citocinas pró-inflamatórias. Dentre os padrões alimentares mais citados, a dieta mediterrânea parece contribuir não só na prevenção e tratamento do DM2, como também na redução de mortalidade. Caracterizada pelo alto consumo de frutas, hortaliças, cereais integrais, leguminosas, oleaginosas, peixes, leite e derivados, vinho tinto, azeite de oliva, ervas e um baixo consumo de carnes vermelhas, gorduras de origem animal, alguns estudos sugerem que seus efeitos benéficos estejam atribuídos ao conteúdo de polifenóis presentes na dieta mediterrânea (6,7).

   A distribuição dos macronutrientes da dieta deve ser individualizada de acordo com os objetivos de cada indivíduo. Em relação aos carboidratos, ainda não existe uma recomendação específica para pessoas com pré-diabetes. Apesar de alguns estudos demonstrarem que dietas com baixo teor de carboidrato podem melhorar o controle glicêmico e sensibilidade à insulina, os resultados em geral ainda são inconclusivos. No entanto, é consenso que ajustes nas quantidades de carboidrato e qualidade são estratégias satisfatórias para melhorar os níveis glicêmicos pós-prandiais (8).

   Em resumo, não existe uma estratégia alimentar padrão para prevenir o DM2, uma vez que é importante levar em consideração a individualidade bioquímica de cada indivíduo, respeitando sua cultura e preferências, a fim de garantir uma adesão ao planejamento alimentar em longo prazo. Porém, uma alimentação saudável associada à pratica de atividade física e manutenção de peso são estratégias fundamentais para minimizar o risco de desenvolvimento do DM2 e viver com mais saúde.

 

   A nutricionista Cristina é formada pelo Centro Universitário Metodista (IPA). Doutoranda e Mestre em Ciências Médicas: Endocrinologia, Metabolismo e Nutrição pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Especialista em Nutrição Clínica pela Universidade Gama Filho (UGF), RS.

 


Referências

1. International Diabetes Federation. IDF Diabetes Atlas. 9ed. International Diabetes Federation. Brussels, 2019.

2. Standards of Medical Care in Diabetes-2019. Diabetes Care. 2019;42(Suppl 1):S1-S2.

3. Royal Australian College of General Practitioners. General practice management of type 2 diabetes: 2016-18. East Melbourne: RACGP; 2016.

4. William C Knowler,Elizabeth Barrett-Connor,Sarah E Fowler et al. Reduction in the incidence of type 2 diabetes with lifestyle intervention or metformin. N Engl J Med.2002 Feb 7;346(6):393-403.

5. Richard F Hamman,Rena R Wing,Sharon L Edelstein, et al. Effect of weight loss with lifestyle intervention on risk of diabetes. Diabetes Care.2006 Sep;29(9):2102-7.

6. Mirmiran P., Bahadoran Z., Azizi F. Functional foods-based diet as a novel dietary approach for management of type 2 diabetes and its complications: A review.World J. Diabetes.2014;5:267–281.

7. Jordi Salas-Salvadó, Mònica Bulló, Ramón Estruch, et al. Prevention of diabetes with Mediterranean diets: a subgroup analysis of a randomized trial. Ann Intern Med.2014 Jan 7;160(1):1-10.

8. Sociedade Brasileira de Diabetes. Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes 2019 - 2020. São Paulo: SBD; 2019 – 2020.


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