Fazer parte do crescimento das crianças, ajudá-las na formação de seus hábitos alimentares, ensinar a melhor forma de construir sua saúde através de educação nutricional é gratificante. 

     A infância é uma das fases mais importantes para a educação alimentar. A Escola de Educação Infantil é o local onde as crianças passam grande parte de sua infância, socializando com amigos, realizando refeições em grupo. 

     O papel do nutricionista nestes locais é de extrema importância, desde a escolha e o cuidado com a segurança dos alimentos a serem oferecidos. 

 

    As atribuições estão em diversas áreas da escola: cozinha, gerenciamento na organização e limpeza de setores, participação em salas de aula com os alunos e também o atendimento aos pais. As famílias, nesta fase, têm uma preocupação muito grande com a saúde de seus filhos e, muitas vezes, não possuem o suporte necessário de um profissional qualificado na área de nutrição. 

 

     Nas escolas privadas, temos a oportunidade de confeccionar o cardápio conforme a realidade financeira de cada uma, levando em consideração as preferências dos estudantes, o valor nutricional de cada refeição, a disponibilidade dos colaboradores que trabalham na cozinha. Temos que observar que, muitas vezes, contamos apenas com uma cozinheira, fazendo com que o cardápio tenha que ser mais simples. 

 

     Nos locais onde atuo, costumo iniciar com um cardápio diversificado, tentando atender a todos os paladares e, com o passar dos meses, este é alterado conforme preferências e projetos específicos.

     Geralmente nas escolas em que há berçários de seis meses a um ano de idade o cardápio é basicamente composto de frutas, preparações com alimentos in natura, respeitando o Guia Alimentar Para Menores de dois anos, com isenção de sal, leite de vaca, açúcar, suco e alimentos que não são recomendados para essa faixa etária. 

      Acima de um ano, começamos a introduzir preparações mais elaboradas como bolos, biscoitos, pães, ainda assim sem açúcar até dois anos, mas já podendo conter leite e derivados, sucos e sal em pouca quantidade. A partir dos dois anos, seguimos com o mínimo de 

industrializados, promovendo uma alimentação equilibrada e saudável. Com base no cardápio, é feita a lista de compras, escolha de fornecedores, organização e controle do estoque. 

 

     Seguindo na cozinha, caso a escola esteja em construção ou em reforma, orienta-se o melhor layout para fluxo dos processos de manipulação de alimentos. Se já está em funcionamento, o diagnóstico do local é feito para que se conduza possíveis adequações de espaço para melhor funcionamento dos processos de pré-preparo, armazenamento e preparo das refeições. 

     A cozinheira e auxiliares recebem treinamento específico para manipulação dos alimentos, mesmo que já tenham feito o curso de Boas Práticas, exigido por legislação. Dentro desta capacitação, orientamos o preenchimento das planilhas pertinentes, o armazenamento correto dos alimentos, limpeza e higienização do espaço, montagem e distribuição dos pratos, consistências de alimentos conforme faixa etária, alergias e restrições alimentares de cada aluno, entre outros. O treinamento também é feito com os profissionais de limpeza, orientando a melhor forma de higienização da escola, diluição de produtos, separação dos lixos e tudo que for relacionado aos seus serviços.

 

     Outro ponto importante é o cuidado com a saúde dos estudantes que possuem alergias e restrições alimentares. Na maioria das vezes, o nutricionista, além de ser responsável técnico na área de nutrição, também é pela saúde na escola, tendo como atribuição, o controle de saúde dos alunos, desde a entrevista inicial com os pais para conhecimento do histórico alimentar, como foi o aleitamento materno, introdução alimentar, hábitos atuais entre outros assuntos, incluindo aí as alergias e restrições alimentares. Realiza-se, também, a pesagem semestral ou anual dos alunos, avaliação para controle do diagnóstico nutricional.  

     Além disso, a atualização das carteiras de vacina e, nas escolas onde há administração de medicamentos, o controle das receitas para antitérmicos. 

 

     Muitas vezes enfrentamos alguns desafios, como indicações de pediatras para introdução alimentar diferentes do que orientamos na nossa profissão. Neste caso, deixamos a critério da família seguir as orientações do pediatra ou da nutricionista da escola.

O importante é o nutricionista estar sempre alinhada com a família, a escola e a cozinha. 

 

     Chegamos na atribuição que considero a mais importante: a interação com as crianças. Por meio da educação nutricional, aulas de culinária, projetos sobre alimentação, podemos construir hábitos saudáveis, tornando estas crianças adultos conscientes e ajudando a fazerem escolhas corretas para que cresçam com saúde. 

     Muitas vezes, os pequenos não conhecem alguns alimentos, tampouco sabem suas origens. Perguntamos, por exemplo: "de onde vem o morango? ”. Alguns respondem: "do mercado, ou da feira”. Certamente, só conhecem aquele da bandeja que a mãe compra no mercado. É muito importante a criança ter conhecimento da natureza, dos nutrientes que ela nos proporciona, do que podemos plantar, cultivar, colher para comer, e esse também e papel do nutricionista. 

 

     Enfim, a obrigatoriedade do profissional de nutrição nas Escolas de Educação Infantil tem motivos muito plausíveis. É de total importância na vida do público infantil, o acompanhamento nutricional desde as primeiras refeições até o preparo para a fase escolar, quando fica mais a critério da própria criança, escolher o que comer. 

 

     Se ela foi bem orientada, optará pelo alimento mais adequado e saudável para o seu futuro!

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